[RP ABERTA] The Eyrie.

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Mensagem por Maelle Arryn Sáb Nov 04, 2017 6:06 pm


The Eyrie
A presente RP se passa no Ninho da Águia, e conta com a participação de todos os membros da família Arryn que desejarem postar. Narra a nova rotina das donzelas Tyrell e Hightower, esposas do Guardião do Leste e de seu herdeiro, focando especificamente na relação entre elas e a população do Vale, que experimenta uma nova fartura com a aliança com a Campina.
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Mensagem por Maelle Arryn Qua Nov 15, 2017 12:54 am



Growing Strong, as High as Honor





The Eyrie

       Maelle sorria diante da sensação do tecido em suas mãos. A seda não era o seu material favorito para o bordado, pois a considerava um tecido caro e pouco dada à erros. Um único puxão no lugar errado, e todo o tecido enrugaria, demonstrando onde as agulhas haviam ferido a peça de tão delicada constituição. Era um dos tecidos favoritos de sua família, junto da lã colorida, com tinta de Lys. Gostava de variar nos materiais, e fora divertido analisar o estilo das mulheres do Vale, com suas mangas esvoaçantes e gargantilhas pronunciadas, com golas exibindo os símbolos de suas Casas. Gostava do estilo elegante, mas julgou que ela seria considerada um tanto exagerada por mostrar pele demais. Era afinal o estilo da Campina, com suas fendas profundas nos bustos, ou reentrâncias atraentes nas cinturas. Deixava-se pouco à imaginação, mas nem por isso de forma menos bela. A jovem rosa entrelaçou os fios dourados com um pouco mais de empenho, concentrando-se enquanto seus dedos mantinham firmes as bordas do tecido no local apropriado. Era uma seda azul-céu, da cor dos Arryn. Um presente de casamento de seu sogro, Lorde Artys. Todos conheciam as habilidades de Maelle com os panos. Era uma das melhores em tecelagem, de toda Westeros. Havia feito peças dignas de uma rainha para sua avó, a Rainha dos Espinhos. Um dos seus vestidos havia sido usado pela rainha Rhaenys no Torneio do Dia do Nome de Lady Desmera.

          Suspirando, bateu o tecido contra a janela, testando a força de sua costura. O efeito do dourado de sua Casa sobre o azul claro da Casa de seu marido, era aterrador. Profundamente belo e sensível. Não que Eddard costumasse reparar em seus esforços. Ela tinha uma certa reserva com seu jovem marido, pois ele parecia um tanto distante, como se a todo tempo pensasse em outros assuntos. Poderia dizer que era capaz de amá-lo. Em seu interior, Maelle sempre fora exatamente aquilo que nascera para ser. Era uma dama, e não podia estar mais feliz com seu casamento. Não esperava uma paixão avassaladora ou sonhos e suspiros. Sua avó a tornara uma jovem desprovida de tudo isso. Era ambiciosa, mas julgava seus desejos preenchidos. Ned não a feria, era um homem bom. Se não era exatamente gentil, podia dizer que era ao menos pacífico. Não a incomodava nem atormentava, como seu sogro e sua prima pareciam sempre fazer um ao outro. Alerie vivia em guerra com Lorde Artys, mas julgava que os dois escondiam seus verdadeiros sentimentos. Para ela, que era calma como a rosa de seu brasão, tal situação era impensável. Gostaria apenas que Eddard tivesse sido mais entusiasmado em consumar a união de ambos. Fora a noite de núpcias, era extremamente raro que ele buscasse a sua companhia. Não conversavam muito, pois Maelle julgava que ele pensava mal de si. Por seus gestos tranquilos e fala mansa, ela acreditava que Ned devia pensar que ela não se agradava dele. Não sabia como lidar com aquela situação. Era como se fosse água, e seu marido vinho. Ao menos, a tia de seu esposo possuía um espírito cativante. Lady Aileen era um sopro de vida nas montanhas, e uma companhia agradabilíssima. Sua prima também, quando não era áspera ou ressentida. Ela parecia odiar Maelle por sua conformidade. Quase como se ela própria fosse mais uma adversária, que uma parente.

             Talvez o fato de Lorde Artys comparar as duas quase sempre, fosse o principal motivo dos ânimos de Alerie. Todos sabiam que ele o fazia para provocá-la, mas sua prima tornara-se mais suscetível aos arroubos de fúria ultimamente. Condoída, Maelle considerou que devia costurar algo para ela, enquanto bordava pequenas rosas com fio de ouro, nas bordas das mangas de seu tecido azul. O trabalho com as mãos era pacífico, evitava que sua mente vagasse para Jardim de Cima, imaginando sua avó, sua irmã mais nova… Seu irmão. Seus pais, que descansavam nas criptas floridas do castelo. Vestira negro por uma lua inteira, quando Jasper caíra de seu cavalo naquela justa. Para ela, o confinamento em seu quarto só tivera fim no dia de seu casamento. Como uma verdadeira donzela de Jardim de Cima, casara-se em negro, com ouro e pedras de topázio amarelo brilhando por todo o tecido, na forma de lindas rosas douradas. Seu véu, bordado com a flor de sua Casa, pesava muito, e ficara aliviada ao removê-lo, para que Eddard a cobrisse com o manto dos Arryn. Fora a noiva mais bela e triste dos Sete Reinos, e os bardos de sua família haviam escrito mais de uma canção em sua homenagem, sobre aquele momento. Mesmo no Vale, seu ato já era conhecido, antes que a comitiva de sua família que a acompanhara trouxesse os grãos e frutos dos Tyrell. As forças de Vilavelha também haviam sido generosas, com vinho e livros raros dedicados à sua Pérola, como presentes de casamento. As lembranças eram felizes, apesar da revolta de Alerie quase estragá-las. Ela havia se conformado, e ao menos com o povo que as recebera, não conseguira ser rude.

                  Terminou o trabalho nas mangas, passando para a gola ao redor do pescoço. Ali, precisaria colocar algumas pedrinhas de safiras azuis, para evidenciar a cor Arryn. Com sorte, trouxera todas as suas pedras preciosas perfuradas para a costura consigo, ao casar-se. Sua avó queria que todas as damas do Vale a invejassem. Bem, menos sua prima, que poderia vestir-se em pérolas negras de desejasse, com o dinheiro de Lorde Avalon Hightower, mas parecia feliz com seu estilo cinza e sem vida.

- M’lady, com licença. Lorde Arryn já desceu para o desjejum. Ele espera a companhia de toda a sua família para a refeição. Sabe como ele gosta de ter todos à mesa. - Assentiu, concordando. Lorde Artys era como um pai, porém extremamente charmoso. Maelle gostava de como ele a fazia lembrar-se de seu próprio pai, embora Artys fosse bem mais espirituoso. Jasper já não era o mesmo desde a morte de Cyrenna, sua mãe. Ainda antes de sua morte, já havia morrido um pouco. - Oh, minha senhora! Que trabalho lindo, em seda! - A aia Gertha sorriu, deslumbrada com a qualidade dos tecidos. - Lady Maelle, onde aprendeu a bordar assim?

- Sempre foi uma aptidão, desde bem nova. Minha avó nunca foi especialista em bordado, e a superei quando ainda tinha doze anos. Ela convidou alfaiates e as melhores tecelãs da Campina para me ensinarem, mas a cada instrutor meus pontos e técnicas apenas os superaram. Logo minhas peças passaram a valer mais que as de qualquer um deles, de modo que vovó parou de comprar vestes, pedindo que eu as fizesse. O mesmo com meu pai e meu irmão, os vesti por muitos anos. Minha irmã mais jovem é um caso à parte, ela chegou ao extremo de roubar vestes dos servos, apenas para me contrariar. - Maelle sorriu, usando uma grande tesoura para romper o fio de ouro, que por sua origem metálica, resistiu um pouco. - Bordar para mim, é uma forma de matar as saudades de casa. Nunca deixarei de vestir as cores de minha família, assim poderei lembrar de onde vim. Mas preciso abraçar meu destino e meu papel como a futura Lady do Ninho da Águia. Que melhor forma de começar, do que parecendo uma Lady?

- De fato, senhora. Ficará linda neste novo vestido. - Observou Gertha.

- Então me ajude a vesti-lo! Espero que Ned goste. Aproveitarei para descer até os castelos inferiores. Prometi que ia ler para as crianças do Portão Sangrento. - Explicou, tirando o vestido que levava e girando o corpo. Puxou seus longos cabelos soltos para a frente, enquanto Gertha amarrava o espartilho em torno da cintura, apertando profundamente. A peça fez com que a nova peça aderisse ao corpo, marcando-o e erguendo seus seios delicados. - Vou usar os cabelos soltos, mas com o anel de águia que Lady Aileen me deu de presente, quando cheguei. Pertenceu à Sansa Stark, e também à mãe dela, e depois a ela. É destinado à Lady Arryn, por isso ela não o passou para Alyssa, que casará em outra Casa. Não é lindo que tenha entregado à mim e não à Alerie?

- A jovem Hightower não parece feliz aqui. É certo que a senhora se tornará Lady do Ninho, quando Lorde Artys se for, mas Lady Alerie não parece ter tal interesse, ainda que seja sua esposa. - Gertha podia ser punida por falar de sua senhora desta forma, mas Maelle a deixava livre para ser autêntica em sua presença.

- Minha prima cuidou de Torralta por anos. Acho que tornou-se desgostosa, mergulhando em seus livros. Gostaria de poder ajudá-la, mas acho que só o próprio Artys pode mudar esta situação. - Olhando-se no espelho, Maelle pareceu satisfeita, e abraçou a si mesma. - Que linda peça! Descerei imediatamente!

          Quando finalmente alcançou o salão de refeições, gostou de vê-lo cheio de guardas, servos e de sua nova família. Os olhares masculinos a seguiram quando entrou, ainda que os soldados que guarneciam o Ninho forçassem o olhar a desviar rapidamente, temendo a indiscrição. Ela reverenciou seu sogro, sentado no centro da mesa, e deslizou até sentar-se ao lado de Eddard. Ruborizou ao fitá-lo, fixando seu olhar no rosto belo e no corpo forte de seu marido. Como gostaria que ele fosse mais próximo de si! Enquanto os problemas de sua prima eram exatamente opostos, tudo o que ela queria era carregar um filho, o mais rápido possível. Não se sentiria completa, até que finalmente fosse mãe. Uma mãe… Ela mesma não tivera a sua, assim como Ned. Gostaria de estar presente para seu filho. Ou filha. Uma pequena águia, com a beleza de uma rosa.

- Bom dia, senhor meu marido. - Anunciou-se, baixando o olhar para os alimentos. Não gostaria de ver indiferença nos olhos de Ned, a quem ela chamava carinhosamente apenas em seus próprios pensamentos.

Maelle Tyrell Arryn.
 

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Mensagem por Eddard Arryn Qua Nov 15, 2017 4:22 pm



The Heir



'He who is far from the ground is the one who will never know how to judge with honor

O chão e a terra úmida eram tudo que cobria seus pés por baixo das calçado de couro batido, selado em fitas do mesmo material na base do início de seu pé, que cravavam na terra, infiltrando um pouco em seus pés. Seu corpo era completamente tomado pela adrenalina, enquanto uma pequena gota de suor escorria de seus cabelos castanhos para a sobrancelha direita, depois o resto do rosto. Engraçado que este, era o mesmo lugar onde agora, ficavam os restos de onde fora uma cicatriz no rosto perfeito e plácido do rapaz. De cima de sua sobrancelha uma ligeira marca, como se sua pele tivesse sido afundada em ferro quente, iniciava, sem destoar de seu tom de pele, desaparecendo do resto do rosto, até cair, quase na bochecha do mesmo lado. Se o corte tivesse sido profundo, Eddard estaria morto ou usando um tapa-olho agora. A sorte o abraçara desta vez, ele só havia ganhado uma marca que o acrescentava mais charme e o que é mais importante o diferenciava de seu pai. A marca de um guerreiro, como as tribos selvagens das mesmas terras que um dia iria governar, tinham orgulho de ostentar. Um nobre marcado pela selvageria, para a parte da corte mais ortodoxa e um homem implacável para a parte mais volátil. Sabia a dubiedade de sua imagem e no geral, tratava isso com certa indiferença elegante. Contudo naquela hora, se contentava em ser o marcado pela selvageria.

O jovem falcão correu para cima do oponente com seu pequeno gládio firme na mão direita. Seus pés antes cravados no chão, eram só recursos para pegar propulsão, pois logo saíram quando ele começou sua curta maratona ao confronto. Parou um pouco antes na frente do inimigo, primeiro cortando da direita para a esquerda, fazendo as duas espadas não só baterem uma na outra, como apoiar-se uma nas outras, testando a força dos dois. Depois puxando a arma para trás, quando ambos viam seus braços tremendo. Tratou de fazer o mesmo em sentido contrário na sequência, o que resultou em mais uma queda de braço entre as lâminas. O ar estava parado, nenhuma brisa tocava seu rosto, mesmo daquela altura do Ninho que praticamente tocava as nuvens, a chuva estava próxima e não era só ela. Um segundo oponente interrompeu a pequena  disputa de força, quando apareceu atrás do herdeiro, tentando cortar suas costas num corte transversal. Os passos na terra haviam alertado seu movimento, muito antes de levantar a espada no ar. Eddard primeiro parou o novo ataque com os olhos, quando discretamente olhou o movimento do novo oponente, depois jogou seu corpo centímetros para trás, depois empurrando para frente, fazendo o moreno da dianteira, recuar com a sua força. Para desviar do ataque do outro, ele fez questão de separar as lâminas de novo e rolar pelo chão, para frente do seu lado esquerdo. A movimentação fora um tanto quanto rápida quando ambos viram, Ned, como poucos o chamavam, já estava de pé do outro lado. Agora a esquerda do primeiro e a  bem a frente em relação ao segundo. Respectivamente, o moreno que antes o enfrentara partiu para o ataque, contudo fora um tanto quanto precipitado tentando cortar seu ombro esquerdo. O Arryn, que ficara de lado em relação a este, tirou o corpo de lado, girando em seu próprio calcanhar direito e quando o alvo errou o ataque cortando o vento, foi recebido com uma joelhada no estomago, que o deixara semi-incapacitado de continuar. Não houve tempo para comemorações ou qualquer outro signo pomposo, pois o mais distante viera em seu encontro. Um sorriso brotou nos lábios do falcão, ele apenas empurrou o primeiro oponente que abraçava o próprio estômago de dor e foi ao seu encontro. Este era ruivo, com cabelos caídos até o ombro que esvoaçavam na corrida, muito mais jovem, muito mais descuidado. Quando ele empunhou a espada curta contra o Arryn, não teve muita chance, os cortes em transversais só atingiam o vento. De um lado, depois de outro. Muito previsível. No momento em que Eddard partiu para cima, contudo o tom mudou. A espada dele primeiro cortara só em transversal praticamente, fazendo o ruivo recuar a cada golpe. Até se ver encurralado na parede. Pela sua própria experiência, o jovem falcão sabia que um rato encurralado só tinha uma coisa a fazer. O ruivo não demorou a fazer o que se pretendia dele. Veio para cima com um total desespero. Desta vez quando Ed desviou do corte, ele abaixou logo levantando para dar uma carga de ombro no rapaz que se estatelou no chão. Antes mesmo de conseguir se dar conta, a espada do falcão já estava em seu pescoço. – Você é muito desastrado, treine muito antes de enfrentar qualquer oponente. E você... – Disse o falcão, virando o corpo para o outro que abraçara ainda o estomago um pouco tonto. . – Você é muito impaciente. Estava indo muito bem antes de ter perdido a calma, querendo me vencer a qualquer custo só para conseguir contar a seus amigos que um dia conseguiu vencer o herdeiro. Uma batalha só está vencida quando um de seus oponentes está no chão. E... – A voz de um tom de autoridade do jovem refletia sua paixão pela luta, o que não parecia regra pois os demais soldados estavam todos cansados, pois ficaram boa parte daquela manhã treinando. Eddard desde que voltara, assumindo o papel chefe da guarda, fizera questão de treinar todos os soldados de novo, começando pelos mais jovens, mantendo uma boa rotação entre eles, para que as muralhas jamais ficassem desprotegidas. Confiava no mestre armeiro, por isso mesmo não queria deixa-lo com todo aquele trabalho pesado. Afinal de contas quem iria receber todos aqueles soldados era justamente ele, nada mais justo do que ajudar. Outra coisa, muito importante, era que muitos deles ainda achavam que o Ninho era realmente impenetrável. Pelo que conhece da história, realmente o fora só vencido quando se tratava dos dragões. Contudo, todos eles esqueceram que o Ninho e os castelos abaixo na montanha, necessitavam de grãos, de vinho e de todo tipo de recurso para se manter, que uma hora todos teriam que descer. Ainda mais agora que tanto seu pai, quanto eles haviam casado com ladys da Campina, suas dispensas nunca estiveram tão cheias. Precisava lembrar aos soldados que o Ninho não era autossuficiente e lembra a si mesmo: que um bom líder jamais deseja a guerra, mas sempre está preparado para ela. Seus pensamentos foram interrompidos por uma jovem loira, era uma das funcionárias do castelo. Ela não exatamente o interrompeu, apenas aproximou-se de uma distância segura e permaneceu em silêncio de cabeça baixa. Eddard a olhou com seus olhos verdes, potentes, logo parando de falar, ainda com o gládio na mão direita. – Desculpe por interrompê-lo, mylorde. É que o senhor seu pai, Lorde Arryn, me pediu para lhe avisar que o desjejum já está quase pronto. Pediu-me para lhe avisar com antecedência pois sabia que precisaria banhar-se antes e ele requisita sua presença o mais breve possível. – O aspecto duro do rosto do herdeiro permaneceu, sorrateiramente ele embainhou a espada na sua cintura e olhou para os soldados. – Soldados, continuem o treino, o mestre armeiro vai assumir daqui. – Alguns auxiliares do mestre aproximavam logo do rapaz, sabendo sobre suas funções, o que ele dispensou, poderia tirar aquela simples armadura de couro sozinho. – Jovem, peça que preparem meu banho, já estou subindo. – A loira não disse nada, só balançou a cabeça e saiu de volta ao castelo e ele mesmo foi logo em seguida deixando os armamentos nas mãos dos auxiliares. Artys era um tanto quanto apegado ao desjejum, ele sempre desejava todos juntos e desta vez ele iria acatar sem demora.

O herdeiro sempre fora simples em seus modos, ele não se dava ao luxo de ter roupas extravagantes nem nada do tipo, só o essencial para não ser confundido com um camponês, ou melhor, para não suspeitarem de sua posição. Na maior parte do tempo, vestia uma armadura, empunhava uma espada e pena de quem ficasse em seu caminho. Nesse sentido foram tempos maravilhosos aqueles em seu treinamento. O cavaleiro o treinara como um espadachim inigualável, contudo, também o levara para ver o povo, para participar de aventuras, onde ele muitas vezes não era só um herdeiro, só um rapaz que era nobre e sem querer acabou-o fazendo conhecer mais profundamente as mulheres. Ainda lembrava-se de sua primeira vez. O importante era que Eddard, desde a morte de sua mãe, no fundo, sempre correu de seu sangue nobre, nunca se viu realmente encaixado naquela vida, apesar do que, seus irmãos foram sempre sua prioridade nesse mundo e o que os mantinha assim. Agora em especial, nenhum deles estava presente, teoricamente não tinha nenhuma obrigação para com quem zelar, contudo outra equação havia sido jogada a mesa. Maelle. Desde que se lembrava seu pai sempre tentara arranjar uma jovem de poder para casar-se com ele, sempre arquitetara seu futuro e sua vida. Por apenas uma vez em sua vida ele achara que isso seria diferente, só desta vez, contudo, estava errado. Não confundam, ele não odiava seu pai, só gostaria de ser mais livre. As obrigações de nobre contudo o puxavam de volta. Deixou a agua o preencher a volta dentro do banho, enquanto pensava nisso, o quanto de suas obrigações e vidas haviam sido ditadas por Artys e do quanto então, entendia em parte a revelia da nova companheira de seu pai. Essas trivialidades não eram o que preenchiam sua cabeça o tempo todo, só nesses momentos em família. Pois na realidade, via que sua família era agora uma caricatura do que já foi antes e isso o incomodava sim. Fora que suas preocupações com proteger algo no qual mal se reconhecia mais, pareciam conflitantes. O tempo diria. Sua esposa parecia ser uma boa dama, na verdade, ela era basicamente o modelo de lady perfeita, além de muito bela, sem dúvidas um dia teriam belos filhos. Tudo que ele precisava fazer era se acostumar com a ideia.

Seus passos foram ligeiros, ele buscava ter seu tempo com seus iguais. Não se surpreendeu ao ver que os corredores estavam repletos de guardas, a guarnição responsável pela proteção da antiga mão do rei, havia permanecido e eles passavam imediatamente pelo crivo de sua avaliação e do seu comando. Outro momento estranho e efêmero de sua vida no entorno de Artys. O tempo em que ele fora para a capital de todo o reino, se encantara e conhecera pessoas das mais diferentes, de dentro e de fora de Westeros. Até o rei padecer e tudo ficar tenebroso e incerto. Toda aquela máscara que todos insistiam em vestir, fora caindo, revelando a putridão dos nobres e isso matou de certa forma ele por dentro. Toda aquela inocência e energia jovem de querer explorar o mundo foram juntas. De certa forma se aliviara quando finalmente retornou ao Ninho, entendera naquele momento que sua casa era aquele lugar. Depois de na verdade duas vezes em que saíra e retornara. A sensação não ficou por muito tempo. Ele havia aceitado o seu destino, como um nobre, mas isso não o apetitara ou encantara tanto quanto antes. Agora ele era duro, para que pelo menos pudessem salvar seus próprios soldados, sua família de si mesmo. Eddard foi cumprimentado pelos soldados que reconheciam sua liderança, sua autoridade, até que finalmente chegou a mesa, Seu pai já estava, como sempre. – Bom dia, meu pai. Alerie… – Cumprimentara os dois com os olhos, sem muitas reverências. Todos sabiam que ele jamais a chamaria de mãe, mesmo que respeitasse sua força e ela parecia não ambicionar o posto. Sentou-se em seu devido lugar e aguardou, enevoado em seus pensamentos, até sua percepção de tempo estava distorcida. Só sua esposa fizera questão de tirar-lhe daquele profundo momento. Virou os olhos quando os dela se abaixavam. A beleza dela sem dúvidas fazia seu coração palpitar mais forte, soprando uma brisa de ar perfumado sobre o seu coração um tanto quanto rijo, o conflito ainda o enlaçava e o devolvia a realidade. Se perguntava se realmente era seguro jogar um filho nesse mundo e sabia mesmo conhecendo pouco a esposa que este era seu primeiro pensamento, carregar um filho seu. Se pretendia ser pai um dia, teria que forjar um mundo mais seguro para seus filhos, pois nem mesmo aqueles luxos jamais poderiam proteger sua família das intemperes das traições e do joguete político. Agora ele tinha noção da gravidade da situação e não poderia ignorá-la. – Bom dia, minha esposa. – Os olhos serenos dele, passaram por ela pairando alguns segundos depois retornando ao seus devaneios, pegando um taça que logo fora enchido por uma serviçal, antes mesmo dele pedir. Esticou a sua esposa. . – Molhe os lábios, irá lhe fazer bem. – Disse deixando a taça em sua frente na mesa. Depois pegou mais um, que novamente foi preenchido e tomou um gole do seu. A consumação do casamento fora um tanto quanto rápida, insensível, ele sabia disso, não poderia evitar as preocupações em sua cabeça. Eddard via nela uma inocência que um dia ele teve, uma inocência que um dia seria quebrada e isso o deixava pesaroso por ela, em seu silêncio...





Eddard Arryn
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Mensagem por Alerie Arryn Sex Nov 17, 2017 3:09 pm


As High as honor
Can you still see the heart of me?



Os dias no Ninho eram longos, por mais que os afazeres fossem muitos, a sensação que o dia nunca passava era incomoda, principalmente pela manhã, com os primeiros raios de sol. Rapidamente ela fechava os olhos esperando sentir o cheiro da maresia e imaginava que estava em seu quarto em Vilavelha. Nos primeiros dias, não conseguiu conter as lágrimas ao acordar tão longe de casa, sentia falta de seus irmãos, de seu pai, das aias desesperadas para que ela fosse ao septo orar ou para que treinasse mais seus pontos. Mas já não havia mais nada disso, somente o quarto vazio e a grande cama em que ela estava deitada sozinha. Pelo menos tinha o consolo de Artys nunca a ver chorar. Naquela manhã não chorou, apenas puxou as cobertas encolhendo-se embaixo delas, como uma criança pequena. Pensava em como estariam as coisas em Torralta, em como seus irmãos já deviam estar ainda maiores. Temia que um dia voltasse a para casa e não reconhecesse mais nada, pois de certo, aquela mulher já deveria ter mudado tudo, cada pequeno hábito que Alerie lutou tanto para manter igual sua mãe havia deixado.  

Era uma sensação frustrante não poder lutar por seu próprio destino, por isso restava a ela aceitar resignada sua condição. Porém, jurou a si mesma, que Artys Arryn jamais teria seu amor ou qualquer demonstração de afeto por parte dela e principalmente, jurou a si mesma, que jamais daria um filho para ele. Se se tornasse estéril de tanto tomar chá de lua, seria mais um alívio do que um fardo. Um filho era algo importante, fruto de uma relação de amor e companheirismo, coisa que ela jamais tivera pelo seu marido. Odiava todas as noites em que ele a procurava, por mais que em sua maioria fossem prazerosas e muitas vezes tinha que lutar contra ela mesma para que ele não percebesse que ele dava prazer a ela. Alerie estava decidida a ser a esposa mais fria que pudesse ser, ele havia comprado sua carne, não seus sentimentos. A morena rolou na cama de um lado para o outro, enquanto observava as luzes tímidas entrarem pelos vitrais. Precisava sair da cama e agir, havia um mundo do lado de fora esperando por ela.  

Seus pés tocaram a superfície gelada provocando um arrepio por seu corpo, esticou-se toda sentindo cada pequeno músculo despertar. Mal havia dado os primeiros passos quando ouviu três leves batidas na porta: — Entre. — Ordenou a jovem lady. Sabia que era Cate, uma jovem serva que servia a ela. Ela não era muito mais velha que a própria Alerie, mas seu corpo era muito mais franzino e sem curvas, seus cabelos sempre estavam presos em uma trança fofa e presa de qualquer jeito: — Bom dia, milady. — Acanhada saudou a jovem lady. Alerie contentou-se com um sorriso amarelo e sem vida. Não tinha a menor vontade de sair daquele quarto, mas já sabia que logo Artys mandaria chamar a todos para o desjejum: — Cate, quero meu vestido cinza bordado com pérolas. Pode pega-lo por favor? — Pediu com gentileza para a serva. Alerie poderia detestar o Vale e Artys, mas jamais tratou com falta de delicadeza qualquer outra pessoa, muito pelo contrário, sempre tratou a todos com respeito e cortesia.  

Apressada a jovem foi até o grande baú de vestidos, enquanto Alerie escovava as lustrosas e longas madeixas escuras.  Ousou encarar seu próprio olhar no espelho e o viu tão sem vida, que não conseguia se reconhecer. Era como se morresse um pouco a cada dia naquele lugar, uma melancolia sem igual tomava conta de seu peito deixando-a angustiada cada dia mais: — Aqui está seu vestido, milady. — Disse a garota colocando a peça com cuidado sobre a cama ainda desarrumada. Alerie levantou-se, despindo-se da roupa de dormir e caminhando até a cama: — Me ajude a vesti-lo, Cate. Não quero que nenhuma pérola saia do lugar. — Pediu com um sorriso fraco em seus lábios. A serva prontamente ajudou sua senhora a se vestir. Era uma bela peça em seda nas cores da casa Hightower e com detalhes bordados com fios de outro e pérolas. As fendas laterais eram profundas, revelando parte da pele alva da jovem. Ela poderia estar no Vale, mas pertencia a Campina e continuaria se portando como uma lady da Campina.  

Os dedos hábeis de Cate apertavam o espartilho marcando a cintura, Alerie sentia a peça apertar suas costelas, mas já estava acostumada. O silêncio teria continuado, mas a voz suave da serva ousou quebrar a falta de palavras: — Lady Alerie, há tantos vestidos lindos que nunca usou. Principalmente os azuis, acredito que sejam presentes do Lorde Artys. Porque não os usa? São tão belos e o azul lhe cai bem. — Comentou um pouco receosa, temendo ser repreendida por Alerie. A morena suspirou longamente e fechou os olhos, buscando uma maneira de explicar a situação: — O cinza é a cor da minha casa. Os Hightower. Sinto muita saudade de Vilalvelha e vestir o cinza me deixa mais próxima de casa. Quando estava na Campina eu usava vestidos de todas as cores e tecidos. Mas aqui, que estou tão longe de casa, não me vejo com outras cores. Entende? — Tentou ser o mais gentil possível em suas palavras. Ela era uma boa menina, sabia disso, não pretendia destrata-la por uma pergunta tão inocente, seria crueldade de sua parte fazê-lo.  

A serva deu um longo suspiro enquanto ajeitava a saia de sua senhora, Alerie estava linda e ficaria bela com qualquer outra roupa. Mas no fundo de seu coração não via sentindo algum em arrumar-se, os olhos que ela gostaria que apreciassem sua beleza estavam longe, provavelmente, deslumbrados com as curvas de uma outra mulher. Havia se dado conta que o maior traidor de toda a história fora seu primo, o único homem com quem desejou se casar. Primeiro ele fugiu para Porto Real. Depois aceitou de bom grado o casamento com a maldita garota Stark. Alerie a odiaria para o resto de sua vida por isso e jamais perdoaria Olyvar por tê-la deixado partir sem ao menos lutar por ela. Seus pensamentos a dispersaram da realidade por instantes, voltando somente quando sentiu o último aperto forte do espartilho:  — Está pronta, milady. — Anunciou a jovem serva. A morena olhou-se no espelho e girou o corpo levemente: — Isso basta pôr hoje. — Concluiu caminhando em direção a penteadeira: — Pode se retirar querida. Termino de me arrumar sozinha. — Falou enquanto fazia um sinalzinho com a mão para que a garota saísse.  

Quando ficou novamente solitária, Alerie fitou seu olhar no espelho, no fundo estava apático e apagado. Colocou dois belos brincos de prata e uma gargantilha do mesmo material, os cabelos longos e soltos caiam lustrosos pelos ombros, sendo adornados apenas por uma delicada tiara de pérolas, presente de sua mãe quando ainda estava viva. Sentia tantas saudades dela, desejava tanto sentir seu afago para que pudesse ter a sensação de que nada de ruim poderia acontecer a ela. Gostaria de estar em casa, junto a Luthor e Loras, brigando com os meninos por comerem muito, escolhendo bons vinhos para que seu pai mais tarde pudesse degustar. A jovem Hightower havia perdido tudo e aos poucos ali, perdia também sua identidade. Já não havia o brilho radiante habitual, mas uma enorme melancolia que tomava conta de si.  

Seu dever como esposa era amar Artys, mas jamais o perdoaria por tê-la arrancando de seu lar. Claro que os outros não tinham culpa e jamais voltaria seu ressentimento contra eles. As vezes um pouco com Maelle. Sua prima era passiva diante de tudo aquilo e muitas vezes insistia que ela não deveria agir daquela maneira com o marido. Ela fora criada para ser submissa, Alerie não, havia sido criada para fazer suas próprias escolhas e não compreendia a conformidade da prima em ser obrigada a casar-se com um homem que ela nem conhecia. Julgava que muitas vezes, sua rispidez passava os limites, mas estava cada dia mais difícil ser condescendente com seu destino. Não amaria um homem por obrigação, não seria feliz por obrigação e Artys teria que conviver com isso. Ele jamais seria amado verdadeiramente por ela.  

Sua chegada chamou a atenção, a beleza de Alerie era estonteante, mesmo com as mais simples vestes. Caminhou com elegância e leveza, aproveitando para observar cada um dos presentes e notando que a cadeira de Lady Aileen continuava vazia. Seu sorriso era simples e cortês, como uma dama deveria ter: — Bom dia Eddard. Bom dia, minha prima. — Primeiramente cumprimentou o filho de seu marido e sua prima. Em seguida encarou os olhos de Artys como sempre fazia todas as manhãs: — Bom dia, Lorde Arryn. — Limitou-se a uma saudação cortês, como a boa educação ditava. Não havia carinho ou qualquer outro tipo de coisa em suas palavras quando dirigidas ao marido, apenas o bom tom da educação. Não gostava de ser rude com ele na frente de outros, principalmente dos filhos dele. Esses momentos eram reservados apenas aos dois, em sua alcova. Diante de todos ela seria a boa e educada esposa.  



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All my agony fades away When  you hold me in your embrace


Alerie Arryn
Alerie Arryn
Lady

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Mensagem por Artys Arryn Qua Nov 22, 2017 2:13 pm

"The Eyrie"


Sentia saudades de Aileen. Mas sabia que sua viagem até o Norte faria avivar a aliança entre nossa Casa e nossos primos Starks. Se ela fosse hábil o bastante para encontrar um homem que a agradasse, casando-se entre eles, seria ainda melhor. Precisávamos mesmo de uma situação mais estável, se os Arryn pretendiam afastar-se definitivamente da Coroa. A ofensa em meu coração ainda ardia. Odiava Rhaegel por ter nomeado um Lannister para minhas funções. Não tomaria parte em um Conselho que menosprezava minhas capacidades, quando fora praticamente forçado por Rhaenys a aceitar o cargo de Mão. Não. Que encontrassem outro Mestre das Leis e interpretassem como quisessem minha recusa em apresentar-me ao rei. Rhaegel poderia muito bem vir pessoalmente ao Ninho, se planejava reclamar à respeito. Que tentasse. Olhando o teto de meu dormitório, concentrei-me na respiração tranquila de Alerie ao meu lado. Notei com desencanto que os raios da aurora insinuavam-se pela janela. Odiava procurar Alerie, odiava tomá-la. Para alguém como eu, foder um cadáver não tinha o menor apelo. Por isso, desde nossa noite de núpcias, Nyria vira sua função permanecer intocada. Era dela que eu extraia todo amor de que precisava, afastando-me da mulher que deveria ser a senhora de minha Casa. A verdade era que Alerie não fazia o menor esforço para sentir-se em casa ali, ou para receber-me em seu coração. De modo que depois de um tempo, passei a tratá-la com cada vez menos afeto. Éramos como estranhos que dividiam o leito e por vezes, os corpos. Sabia que ela sentia prazer em meu toque. A umidade entre suas pernas não podia mentir, à despeito de sua expressão impassível. O desejo exalava dela como perfume, mas enquanto ela não fosse humilde o bastante para render-se, eu jamais diria uma palavra sequer sobre o assunto. Nenhuma mulher podia desafiar a mim, que sempre tive a todas que desejei.

Levantei-me depressa, limpando meu corpo com a água fria da banheira de nosso quarto. Não tomava banhos quentes, pois gostava dos arrepios e do corpo agitado em resposta. Logo os servos preparariam o banho de Alerie, quando eu me retirasse. Ela sempre levantava-se depois. Suspirando, esfreguei os cabelos e o corpo com o sabão de sebo e os óleos perfumados. Fragrâncias de odor incomparável eram produzidas na Campina, de quem comprávamos. Pouco depois retirei-me do quarto, um quimono de tecido azul royal atado à minha cintura com um cinto de prata, cuja fivela era um quarto minguante de minha Casa. Em minha mão, o anel com o selo da Casa Arryn e outro, representando garras de uma águia. Penteei os cabelos para trás e calcei minhas botas negras por cima das calças de tecido algodão cinza. Antes que me desse conta, estava sentado à mesa do Salão principal, encarando o desjejum à minha frente sozinho. Os servos iam de um lado para o outro, carregando as bandejas de comida e arrumando o verdadeiro banquete à minha frente. Apático, suspirei um pouco, imaginando que àquela altura, Alerie já deveria estar grávida. Será que era infértil? Não era como se eu precisasse de mais filhos, mas nunca havia tido problema em produzi-los. Talvez devesse procurá-la todas as noites. Talvez mais de uma vez ao dia. Ela ficaria horrorizada, mas talvez fosse a única forma de garantir. Lhe daria as tristes notícias naquela noite. A partir do crepúsculo, ela não teria descanso de mim. Senti o movimento ao meu lado antes que pudesse reagir. Nyria estava sentada no lugar de Alerie, como se aquilo nada fosse. Os servos fingiam não ver, mas eu via a expressão contrariada no rosto das mulheres. Todas odiavam Nyria, e tinham ressalvas a seu respeito. Ao que parecia, eu era o único a quem ela tratava com delicadeza, e longe de mim, era ríspida com todos. Não me importava, mas ela precisava de limites.

- Meu falcão, está lindo hoje. - Sua voz de cantora era um trinado. Amava seu tom. - Aerion pede que eu o avise de sua ausência. Não poderá cantar no desjejum, pois está indisposto. Ele teve febre na noite anterior, se o interessa.

- É claro que me interessa, Nyria. Seu irmão está melhor? - Ela assentiu, fazendo que sim. - Ótimo, seu recado foi dado. Avise a Aerion que irei vê-lo assim que possível. Agora, por favor saia. Antes que meu filho a veja aí. Sabe que ele não tem uma boa opinião sobre você. Nem minha nora, que é uma moça devota.

- Sua filha por casamento é tão ingênua… Como conseguem suportá-la? Aposto que o pequeno Ned faz mais do que lutar quando está longe do leito dela… - Envolvi seu pulso com minha mão, segurando com firmeza embora não fizesse força. Ela estava prestes a usar a taça de Alerie.

- Por que está me irritando, Nyria? Não admito que fale sobre meu filho. Ele será o Senhor do Ninho um dia, e sua estadia aqui dependerá de sua boa vontade, nunca esqueça. - Avisei, seco. - Por favor, não use a taça de Alerie. Ela perceberá. Sabe que não pode sentar-se comigo na frente de todos.

- Você não veio até minha cama ontem à noite. Estava com ela. - Acusou-me, e meu silêncio a inquietou. - Aquela mulher o odeia. Como pode deitar-se com ela?

- Ela é a senhora do Ninho. Devo produzir filhos com ela. - Não era a real razão. Eu sentia atração por Alerie, um desejo incontrolável e nada belo, irascível. Ela fazia aflorar a fera em meu interior.

- Boa sorte com isso. Todos sabem que ela toma o chá da lua. Se seu plano é engravidá-la, pode esquecer. A essa altura ela já deve ser infértil. Ao contrário de mim,
que já te dei nosso pequeno Robyn.
- A frase de Nyria gelou meu sangue. Eu não podia ter escutado corretamente.

- O quê? O que disse, Nyria? - Ela sorriu, aproximando-se. Beijou o canto de meus lábios e minha orelha, fazendo um espasmo correr meu corpo. Sua mão envolveu meu membro sob a mesa, e ele endureceu como pedra. - Pare, Nyria. Não posso receber minha família assim. Por favor, vá para o seu lugar. - Ela estalou a língua e soltou meu pênis, levantando-se.

- Quando se cansar da noiva cadáver, venha me procurar. Certamente vai estar precisando do que só eu e Aerion podemos dar. - Ela rebolou até a mesa dos servos, sentando-se à cabeceira, ignorando os olhares revoltados das cozinheiras. Ela tomou vinho, sendo observada pelos guardas, desejosos. Todos admiravam que eu tivesse tal beleza como cortesã, mas eu não me sentia nada admirável com aquela situação. Estranhamente, não mais.

Quando finalmente Eddard chegou, sorri diante de seu aspecto. Meu filho era um jovem capaz, um homem feito e competente. Melhor na espada do que eu jamais seria, e um líder militar nato. Talvez lhe faltasse um pouco do traquejo político, mas graças aos deuses, eu ainda vivia para ensiná-lo. O dei as boas-vindas, para que sentasse. Então Maelle surgiu, e sua visão tirou-me o fôlego. Para me recompor e não ofender meu filho, bebi um taça inteira de vinho, forçando a não encará-la por muito tempo. Sorri de modo sincero quando ela reverenciou-me, minhas bochechas ardendo. Aquela menina me era quase tão cara quanto Alyssa, como se pudesse derreter meu coração. Ela tomou seu lugar, e meu peito encheu-se de calor ao vê-la com meu Eddard. O futuro dos Arryn, aqueles dois. Alerie veio em seguida, e sua beleza era fria como a de uma estátua de gelo. Impecável. Intocável. Extremamente digna e cheia de autoridade. Por um segundo, vacilei ao observá-la, disfarçando em seguida qualquer admiração. Se o que Nyria dissera era verdade, ela não merecia nenhuma.

- Um bom dia a você, querida esposa. - Sorri, dando-lhe minha expressão mais encantadora. - Maelle, minha filha, está absurdamente bela nesta manhã. A união das cores de sua Casa com as nossas, certamente a favoreceu. Uma verdadeira princesa, estou certo de que Eddard há de concordar. Minha esposa, suas vestes refletem seu interior com precisão. - Frias e mortas. - Linda como uma pérola. Agora, se não se importam, gostaria de interromper a refeição para alguns anúncios. Recebi uma carta da Campina. Lady Desmera navegará de Vilavelha com uma comitiva de Jardim de Cima e de Vilavelha. Os Hightower e os Tyrell viajarão até Vilagaivota, onde esperam nos encontrar para uma viagem até o Norte, para o Dia do Nome de Bryan Stark, ou melhor, Bryan Targaryen. Nosso amigo e verdadeiro rei. Pretendo descer para escoltá-los quando chegarem. Aileen adiantou-se, partindo mais cedo para o Norte. Ela concretizará nossa união. Os Baratheon logo se juntarão à maré. Tempos de mudanças aproximam-se. Precisarei mais de você do que nunca, meu filho. - Avisei a Eddard, suspirando. - Agora, assuntos mais leves! Maelle, quais as chances de que meus netos povoem este castelo, num futuro próximo? - Indaguei, sorrindo. - Sabe, eu nunca tive problemas em produzir minhas crianças. - Afiando meus comentários, mirei em Alerie. - A maternidade edifica as mulheres com o amor puro de seus filhos. Qualquer uma que interrompa as bençãos dos deuses, atrairá para si a fúria da Mãe. Não são mais que assassinas. Sei que não terei este problema com uma jovem digna como você, minha filha. Eddard, espero que esteja tão empenhado quanto possível. Se meu sangue corre em suas veias, então não teremos com o que nos preocupar.

Certamente, tudo que eu queria era confrontar Alerie, mas nosso acordo velado impedia que fôssemos desagradáveis às vistas de todos. Um exercício constante de atuação e dissimulação. Uma rotina cansativa, mas não exatamente entediante. Quis que ela soubesse que eu sabia de suas transgressões. E que naquela noite, quando estivéssemos sozinhos, ela pagaria por elas. Não seria capaz de sentar-se depois, mas a dívida seria paga. Era uma questão de honra.

◦◦◦

Artys Arryn
Artys Arryn
Guardião do Leste

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