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Mensagem por Azor Ahai Dom Abr 09, 2017 1:49 pm

Um salão espaçoso, com os mesmos tons de marrom que a maior parte da cidade. Na parede atrás da mesa principal, há um grande estandarte com o brasão da Casa governante em destaque. Há um tablado alto próximo a onde fica o estandarte com uma mesa de madeira em si, onde o Príncipe de Dorne come com sua família. Na parte mais baixa, existem outras mesas onde convidados podem comer quando estão presentes na casa. É iluminado por tochas e velas e é um ambiente limpo.
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Mensagem por Zakintia Martell Sáb Jul 01, 2017 4:29 pm

No place like home....


   A sensação do vento contra meus cabelos era reconfortante. Eu estava em casa, muito embora o balanço do mar me fosse estranho, após tantos anos em Volantis, sem circular em outro lugar que não fosse o Templo Vermelho. O sol de Dorne era uma lembrança distante de anos perdidos, e o sofrimento, se não físico, ainda doía demais me minha mente. Mas o fogo de R’hllor me fizera nova, cauterizando as feridas ao queimá-las como um fogo sagrado. Eu era Zakintia Nymeros Martell, Princesa Roinar e o sangue de Nymeria corria em minhas veias. Eu fora a esposa de sal de um pirata das Ilhas de Ferro, foragido de sua própria terra natal por suas atividades ilegais, vendida como escrava depois de usada. Então, eu era Demetria de Lys, uma garota westerosi comprada e treinada nos Sete Suspiros, devota da Deusa do Amor.  Também era Zakintia de Asshai, Filha do Fogo e da Sombra, serva do Senhor da Luz. Finalmente livre. Queimada e renascida. A gargantilha com o rubi pareceu mais apertada que de costume, enquanto os nós de meus dedos doíam com a força excessiva com que agarrava-me ao convés do navio. Temia o que poderia encontrar. Temia o que teria ocorrido em minha ausência. Minha família não recebia bons presságios nas chamas, e precisava de mim. Os Martell nunca estiveram tão próximos da ruína, com inimigos nas sombras e a ameaça de uma guerra com o Trono de Ferro. Tudo isto era sabido, e eu escolhera ajudá-los mesmo assim. Era tempo de reparar a balança, em Dorne. Pelos meios que fossem necessários.  

   Embora tivesse a lembrança de meu sangue, minha lealdade era para com o Senhor da Chama. Foi à ele que agradeci, quando aportamos. Foi com a força dele que caminhei pela rampa de madeira, pisando no Porto de Lançassolar. Um homem vestido com as cores Martell aguardava, e sua barba por fazer ou a força de seus ombros não enganavam os mesmo sentidos, apesar de sua expressão fechada. Eu conhecia aquele guarda. Na época, ele era só um pajem magrinho, auxiliar no pátio de treinamento. Agora, segurava uma lança dornesa com uma única mão. Eu também havia mudado, muito embora minhas mudanças tivessem sido mais interiores do que exteriores.

- Naxus? Não consegue me reconhecer? - Chamei, e seu olhar buscou ao redor, até fixar-se em mim. Ele sorriu, totalmente assombrado. Não parecia acreditar no que estava diante de seus olhos. - Sim, sou eu. Zakintia. - Abaixei o capuz vermelho da Fé, revelando meus cabelos negros e a totalidade de meu rosto. - Veio me levar para casa?

- Quando Rylon recebeu o corvo avisando de sua chegada, não acreditou que estivesse mesmo viva. Ele sabia de nossa relação, e sabia que eu mataria qualquer impostora, poupando sua família do sofrimento. Mas você está mesmo aqui. Vestida como uma mulher vermelha das Terras da Tempestade. O que houve com você? Pensamos que estivesse morta. - Havia um pouco de ressentimento em sua voz. Dorne não importava-se com o nascimento nobre, ou outras formalidades. Por ser a irmã mais nova do Príncipe, eu estaria livre para casar com quem quisesse. E Naxus sempre pensou que seria com ele. Agora, aquela menina apaixonada estava morta. Só havia lugar para a vontade do meu deus, e a minha própria ambição.

- Fui sequestrada por um pirata, disfarçado como mercador. Creio que um dia, o Senhor da Luz me dará a oportunidade de obter a vingança por este crime. Até que eu encontre o meu captor novamente, espero com paciência em sua vontade. Naxus… Sou outra mulher, e creio que seja um outro homem. Mas nunca quis abandoná-lo, ou aos meus. Tudo é a vontade do Senhor. Ele quis forjar-me como uma espada. Insubmissa, não curvada e não quebrada. Meu renascimento se revela oportuno. Ventos de inquietação sacodem as chamas, e em breve serei necessária. Para o bem ou para o mal. - Naxus apenas assentiu, pensativo. Ele olhou em meus olhos por longo tempo, para então acenar positivamente com a cabeça.

- Melhor não deixarmos seu irmão esperando, então. Venha, eu a levarei para Lançassolar. - Subi em seu cavalo, sendo alçada por ele com um único puxão. Prendi meus braços ao redor de sua cintura, enquanto ele cavalgava. O trajeto doía em minhas pernas, não estava acostumada com o impacto do trotar com minhas coxas. Era um tanto incômodo, mas não necessariamente ruim.

Chegamos ao Portão Triplo pouco depois. A enorme estrutura reforçada com três barreiras de resistência erguia-se como um monólito. A visão acelerou meu coração, e o calor em meu peito ameaçou converter-se em lágrimas. Mas não chorei. Aquela não era mais uma capacidade natural, não era mais um reflexo diante das adversidades ou emoções. Eu não era mais uma ostra, presa em sua casca e implorando para que os homens a deixassem em paz. Eu não escondia mais a pérola em meu interior. A vestia como uma coroa. Como um rubi sagrado em minha garganta. Naxus pediu aos guardas que abrissem, afirmando que eu era a verdadeira Princesa Perdida. Todos o deixaram passar com reverência, sussurrando enquanto ele seguia em frente, surpresos com minha chegada. Desci do cavalo marrom, alisando levemente o seu pescoço. Naxus ofereceu-me seu braço, apoiando-me enquanto erguia as barras de meu manto vermelho, caminhando ao seu lado no pátio central de Lançassolar. Um Meistre esperava por nós nos portões principais. Era mais velho do que eu lembrava-me, então tive que admitir que não era o mesmo. Marken devia ter morrido há alguns anos. Suspirando, sorri quando ele aproximou-se, solene.

- Minha senhora. Seja bem-vinda. Sou Meistre Harwing. Temo que os Martell estejam à caminho dos Jardins de Águas, a esta altura. Ultimamente Rylan e sua família têm passado a maior parte do tempo no palácio de verão. Sua irmã, contudo, está no castelo. - Breniell. Minha irmã de hábitos destrutivos e ambição amarga. Sempre a considerei uma presença hostil. Não tínhamos muita afinidade antes, pois sempre que nós nos falávamos, de alguma forma eu acabava sendo insultada. E minhas esperanças e sonhos, desprezados. Nem toda mulher de Dorne deseja ser uma guerreira. Nem toda mulher dornesa é cruel. Breniell era ambas as coisas. Mas ela não me assustava mais.

- Ótimo, leve-me até ela então. - Pedi, impassível. O Meistre seguiu em frente, enquanto eu e Naxus o acompanhamos lentamente.

    Breniell estava sentada na Grande Cadeira do Príncipe de Dorne, uma das pernas apoiada sobre um dos braços do assento. Comendo um cacho de uvas, ela parecia muito confortável na posição de nosso irmão. Ergui uma das sobrancelhas, parando na entrada do Grande Salão. O manto vermelho da Fé revolveu-se, quando sentei-me à mesa e puxei para mim um jarro de água. Estava sedenta com a viagem, e o ar sódico do mar não ajudou a aplacar a sede. A maresia carregada de sal ainda de prendia às minhas roupas. Eu cheirava a mar e especiarias. Breniell parou de comer quando me viu, erguendo-se da cadeira dois tons mais pálida. Alheia à sua exasperação, continuei servindo-me e sorvi a taça, exalando com prazer. Quando eu era um bebê, segundo Rylan, nossos pais haviam enfrentado a Fúria do Deserto, o evento devastador que quase destruiu toda Dorne. E que o teria feito, não fosse a ajuda externa. A vergonha imposta aos Martell pela Coroa tinha sido um dos motivos de nossa atual política de não-envolvimento. Mas eu sabia, eu conhecia as profecias antigas. De Asshai da Sombra às Cidades Livres, todos sabiam o motivo real para que se trema no frio. Não era apenas a temperatura. Era medo. O Grande Outro era o medo em cada noite. Os terrores noturnos e as trevas insondáveis do Verdadeiro Norte. Quando ele estivesse desperto novamente, nem mesmo Dorne estaria segura.

- Então, minha irmã caçula voltou dos mortos. Toda em vermelho. Tornou-se uma fanática, pequena Kintia? - Breniell ria, aproximando-se e sentando-se ao meu lado, puxando a adaga em sua cintura para descansar uma toranja basilisco. - Por que retornou?

- Porque sou uma fanática. - Rebati, sorrindo. Ela estalou a língua, controlando sua inquietação. - Meu Senhor ordenou-me para Além do Mar Estreito. Sou sua voz e seus olhos em Dorne. Eu vim para restaurar o nome de nossa família.

- Você? Lembro-me de como era antes de desaparecer, irmãzinha. Sua maior ambição era dormir como uma prostituta, com os mercadores do Porto. Até escapava do castelo às escondidas, vestida em farrapos como uma mendiga. Quando conseguiu se fazer ser capturada, pensei que nos livraríamos do embaraço. Mas parece que não. - Breniell sabia? E ela nunca dissera nada a ninguém? Meu sangue ardeu nas bochechas, e percebi o quanto aquela história ainda tinha o poder de me ferir. Ouvindo tudo, Naxus e Hardwing estavam consternados, abismados. - Sim. Nunca disse nada a Rylan. Por mim, você poderia ter partido para sempre.

- Mas o que é a vontade de uma mulher, se comparada à do Deus Verdadeiro? - Sorri, minha expressão totalmente apática, enquanto meu interior ardia como um vulcão. Invoquei as forças de R’hllor para que me sustentasse naquele momento. Senti seu poder como a mão de um amigo sobre os ombros. O abraço de uma mãe, ou o calor de um primeiro beijo. A luminosidade de R’hllor era sua face branda, era seu instinto protetor para com os seus. Não um deus cruel de sacrifício e piras eternas. O Senhor da Luz era muito mais que isso, ele era a razão de cada fôlego. - Eu fui desperta nas chamas, Breniell. Não tenho medo de você, pois conheço as noites escuras e cheias de terrores. Conheci a sombra em cada homem, nas Casas dos Prazeres. E nas chamas, aprendi a enxergar além do que meus olhos podem ver. Vejo suas intenções, e leio seus gestos como os pergaminhos antigos do Templo de Volantis. Saiba que você não é a única que anseia pelo poder, que deseja a posição de nosso irmão. Outros, mais poderosos e perigosos do que você, espreitam nas sombras. O Senhor não revelou-me rostos, mas vejo silhuetas. Mas sei com toda a certeza que você, irmã, nunca se sentará naquela cadeira como nossa legítima governante.

         Breniell ergueu a mão para esbofetear-me. Naxus puxou a espada. Arregalando os olhos, ela afastou-se, olhando para os guardas no Salão Principal. Ninguém parecia disposto a defendê-la. Depositei minha taça sobre a mesa. afastando-me dela. Ergui o queixo contra Breniell, disposta a deixar claro que nunca mais, em nenhuma circunstância, eu seria sua refém.

- Duvido muito que  meu sequestro tenha sido mera coincidência, agora vejo a decepção em seus olhos, pelo meu retorno. Mas saiba, Breniell, que quaisquer que sejam suas ambições, elas chegaram ao fim. Procure um braseiro em chamas e arrependa-se enquanto há tempo. A noite é escura e cheia de terrores. Seria sábio tomar cuidado com as sombras. - Sem dizer mais nada, afastei-me em direção ao meu quarto. Supondo que ele ainda estivesse como eu o deixara. Não importava. Eu sobrevivera ao meu primeiro encontro com o pesadelo de minha infância.

          Como o sol em meu brasão, as chamas em mim brilhavam fortes. Era tempo dos Martell reviverem o seu antigo orgulho.
Words: 545; Wearing: this; music: break free; note: Who I am? 
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Mensagem por Katherine Martell Qui Jul 27, 2017 4:56 am

Made with love by Jaaclaine @ epifania

Notes
treino: etiqueta com Breniell e Cassandra.

princesa roinar

EtiquetaSo what you trying to do to me It's like we can't stop, we're enemies But we get along when I'm inside you You're like a drug that's killing me I cut you out entirely But I get so high when I'm inside you

 Katherine encontrava-se sobre a cama, os lençóis finos encobrindo-lhe a nudez. O sol dava o ar da graça, iluminando tão pouco e de forma tímida os becos e vielas, mas como em todas as manhãs enfadonhas, a menina se encontrava há muito acordada antes dos demais familiares. As aias entraram no aposento pouco após o despertar - já tão conhecidas dos trejeitos atípicos da princesa -, Alyssa Wyl tomando as madeixas enegrecidas entre os dedos, perpassando a escova com maestria; escovando-as até que ficassem uniforme e todos os nós dessem margem para um ondulado que sempre emoldurava as feições etéreas da Martell. A roinar teria um encontro com as mulheres da casa, possivelmente seria auferida em um dardejamento de perguntas  por parte da mãe: uma mulher de pulso firme para segurar espadas e controlar o povo, e a tia Breniell: a derradeira serpente da areia. Após a comoção matinal, Katherine despontou do quarto; tendo Lisandra Dayne ao lado.
 Conhecia Lançassolar com a palma da mão: cada curva, estante, passagem, rachadura, bifurcação e desembocar. Era seu lar desde que se entendia por gente e almejava manter por quantas gerações fosse possível, Lançassolar era o bálsamo dos Martell e motivo de inveja para muitos dorneses que detinham um quê de insatisfação mediante as instalações dos regentes.
 O vento que infiltrava-se pelo cômodo, assanhava as vestes de Katherine que resplandecia em um vestido simplório em tons azuis, com sedarias esbranquiçadas que formavam pequenos desenhos no busto; sóis e rosas, permitindo à dornesa uma aparência afável. A mão pequenina deslizando suavemente pelo corrimão da escadaria enquanto descia de encontro à progenitora, Cassandra Martell, pairava sob os degraus com uma calma tão pouco advinda. - Mamãe. - proferiu, um sorriso dengoso a permear os lábios que aquela manhã aderiam um leve tom róseo.
 Findando a escada, retesou-se poucos centímetros de distância da mulher; enredando os dedos no vestido enquanto mantinha as costas eretas e abaixava-se sutilmente. Numa mesura delicada que tanto fora ensinada, mesmo que os dotes dorneses não abrangissem tamanhas frescuras.
 - Olá, querida. - a mãe que não tinha nem um pouco da paciência de Kath, apenas encurtou a distância entre ambas e lhe tomou nos braços em um enlaçar apertado. Havia bons dois meses que não se encontrava com a consanguínea, já que Cassandra estava em uma empreitada por Dorne. Contudo, antes que a garota pudesse ditar algo, a voz impertinente da tia se fez ouvir.
 - Não vai me receber, Katherine? - a mulher entreabria os braços, olhando com desdém o esgar que a Lady promoveu. Breniell era mais peçonhenta que todas as cobras de Essos juntas; a herdeira repeliu a mãe suavemente, aprochegando-se da tia e lhe fazendo uma vênia. Desta vez as costas curvando-se sem querer. - Olá, titia. - e mais uma vez lá estavam os braços protetores lhe enroscando, a mulher poderia ser amarga com todos, mas não com a menina e Rylan. Afinal, eram seus sobrinhos e esmerava-se para que seguissem seus passos.
 As três tomaram locais ao redor da mesa, Breniell alfinetando a Lady aqui e acolá, a morena poderia jurar que os pensamentos da mão giravam em torno de como as mãos ficariam lindas ao redor do pescoço da irmã de Rylon. As servas serviram o desjejum; Katherine que desde tenra idade fora doutrinada pelos preceitos do pai em uma criação westerosi mais fervorosa - detinha conhecimento que o pai adoraria qur se muito em breve fosse sentar no Trono. Mas não o dornês. Tomou para si uma quantidade diminuta de alimentos, comendo com calma, os dedinhos firmes no garfo, exercendo força o suficiente para que os nós se tornassem brancos.
 Pelos Incurvados, poderia estar com Oberion ou treinando, mas não, estava ali ouvindo as patadas das familiares.
- Possui planos para hoje, querida? Pensei em ter uma conversa particular mais tarde. Longe dos abutres. - proclamou a tia que fincava a faca em um pedaço de torta. Todos sabendo que era ela a real carniceira.
- Não tenho nenhum plano, na verdade, pretendia passar o dia lendo. - omitiu, já que uma princesa não mente - não descaradamente. Formulando uma pausa, aceitou o cálice que uma das aias oferecia, remexendo o conteúdo por alguns segundos em prol de sentir o cheiro adocicado. Elevando o metal frio, permitiu o contato com os lábios quentes, segurando-o como se fosse uma preciosade. - Mas podemos conversar, se assim a senhora quiser.
Breniell sorriu em agrado, dedilhando sobre o apoio da cadeira com certo talho de insatisfação no olhar. E então Katherine se tocou, a postura estava torta; acomodou-se melhor, postando-se eretamente enquanto o coração erratificava algumas batidas mediante o olhar consternado da mãe. Mais uma leva de insultos velados.
 Martell poderia ser uma menina de trejeitos impossíveis, ainda descobrindo quem o era; mas, perdia todas as estribeiras e regressava ao momento em que brincava de boneca nos jardins sempre que estava na presença da serpente e da víbora. Com um suspiro, resignou-se a terminar de comer no meio do embate. Em breve seria a regente de Dorne e um gladiação no desjejum seria pouco diante de todos os problemas; tinha que ser forte e sagaz, aprendendo os parâmetros de como agir e se portar.
Deste modo, muniu-se de um sorriso amável enquanto ouvia com falsa atenção os comentários ácidos.

Katherine Martell
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Mensagem por Rylon Martell Sáb Ago 12, 2017 11:38 pm



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Nymeria XIV



Rylon chegou a Lançassolar em seu cavalo esguio, rápido e bufante. Tinha acesso as melhores montarias, mas para viagens, usava um cavalo menor, de crista ruiva, que possuía o trote singular de viajante e que aguentava longas distâncias em maior velocidade. Diferente dos lordes do norte das Montanhas Vermelhas, ele não cavalgava corcéis de guerra por todo tempo. Tinha mais prazer de ser montado por sua bela mulher do que descarregar suas frustrações no dorso de um cavalo.

Pedira a um bardo que tocasse canções ao longo do trajeto até Lançassolar. Estava contente naquele dia,  como há muito não ficava. Ao chegar em seu palácio, atravessando os Três Portões, seguido por uma comitiva alegre e um povo em bom humor, entrou pelos portões, mas foi recebido por um comitê sombrio liderado por Jaqen Maegar.

Ele viu imediatamente os semblantes modificarem, conforme se aproximou. Um misto de reconhecimento, pesar e talvez até mesmo temor. Rylon trocou olhares com Gerrard, que também pareceu não saber do que se tratava.

- Perdão, milorde - Jaqen foi o primeiro a se pronunciar. Rompendo o silêncio no Grande Salão. - Decidi aguardar por seu retorno.

Uma sombra cobriu o semblante de Rylon. Será que a história de Zakintia era uma mentira de mau-gosto? Se fosse isso, porque haveriam de esperar ele chegar? Algo mais tinha acontecido. Ele pensava que talvez Brenniel a tivesse matado em um ato de loucura. A impaciência o consumiu e a frustração substituiu o lugar onde antes a alegria residia.

- Saiam! - ele ordenou. Boa parte da comitiva que adentrou com ele no Salão saiu em completo silêncio. O ar estava pesado. Apenas os conselheiros mais próximos ficaram. Jaqen e Gerrard entre eles. Rylon subiu os degraus até seu trono. Apertou as mãos entorno dele, seu olhar era de uma serpente. -O que houve na minha ausência, Jaqen?

- Uma mulher vestida de vermelho, com a pele escura e longos cabelos chegou de Além do Mar Estreito. - Proferiu o sombrio mentor. Rylon teve o estranhamento, parecia que ouvia uma das histórias antigas do velho assassino - Era uma Sacerdotisa Vermelha, milorde, armada com palavras ágeis e belos olhos. A mulher vermelha se apresentou como Zakintia Martell, a desaparecida e por ter sido reconhecida por um dos guardas, Naxus e recebida por Brenniel, todos acreditamos em sua história de sofrimento e a acolhemos em Lançassolar.

- O que quer dizer, Jaqen? Quem era esta mulher vermelha? Vá direto ao ponto!
- disse Rylon impaciente. Jaqen o havia ensinado a conter suas emoções quando sentado sobre o trono, mas ninguém podia receber tamanha tensão e permanecer ileso.  

- Peço perdão, milorde - retorquiu o homem - A dama vermelha se apropriou do nome e foi recebida com todas as honras, mas pouco antes que a mensagem de sua chegada alcançasse o ouvido de Vossa Graça, ela já estava em uma carruagem rumo a Jardim de Cima.

- Ela partiu! Sem falar comigo? Não esperou o próprio irmão e viajou para Jardim de Cima? O que ela quer com os Tyrell? - Rylon estava perplexo. Cogitou que brincavam com ele. Balançou a cabeça em descrença. Algo estava errado.

- O porquê de ela ter viajado, milorde, esse é apenas um dos mistérios. Pouco após sua partida, antes que Vossa Graça pudesse chegar a sua casa, sua irmã, Brenniel, caiu terrivelmente doente, um mal súbito lhe atacou as entranhas. - Jaqen lançou uma vez mais as palavras que cortaram o peito do príncipe.

Rylon sentia as roupas pesadas. Mesmo feitas de seda, mais leves e ricas do que qualquer alfaiate poderia fazer em toda a Westeros, elas grudavam no seu suor de seu corpo. Sua respiração beirou a ofegante, os nós de seus dedos ficaram brancos, tamanha a força com a qual cerrava os punhos. As pernas se agitaram. Vivia de novo, aos oito anos, a morte de seu irmão Ryce. Vivia de novo o desaparecimento de Zakintia. Vivia de novo a leitura da carta insolente de Daemon Blackfyre dizendo que Dorne teria que arranjar os próprios meios de sobreviver.

Em um dia, ganhou uma irmã. No dia seguinte, perdeu duas.

- Brenniel está viva? - a fala saiu entrecortada da boca do príncipe.

- Sim, Vossa Graça. - Jaqen respondeu. O salão em silêncio, enquanto sua voz fria parecia nada fazer para refrescar o calor dornês. - Está nos aposentos, mas terrivelmente doente. Confesso que não pude diagnosticar a verdadeira origem do mal…

- O que só pode significar uma coisa.
- O príncipe estava convicto.

O que havia acontecido ali? Tudo mudara de um dia para o outro. A esperança ruiu em desgraça. Quem era aquela dama vermelha que chegara em sua casa. Assumira o lugar que pertencera a sua mais amada irmã e partira tão rápido quanto chegou, deixando para trás a outra irmã mortalmente doente.

Os Tyrell haviam ajudado Dorne de forma significativa durante a Fúria dos Desertos. Salvou sua terra e seu domínio quando todos os outros reinos, com exceção das Fluviais,  lhe viraram as costas. Tinha um profundo respeito por aquela Casa. Havia creditado eles como um dos poucos pelos quais a Casa Martell lutaria incondicionalmente enquanto ele fosse vivo. Mesmo que a dama vermelha fosse sua irmã de fato, porque partira sem encontrar ninguém além de Brenniel? E se fosse esse o caso, o que havia acontecido com ela para que retornasse e partisse de imediato para Jardim de Cima sem uma única palavra? O que faria ela ter se voltado contra o próprio sangue?

As perguntas eram muitas e as respostas estavam além do alcance. Ele conteve a respiração. Uma assassina e impostora. A única coisa que vinha a sua mente era "Por quê?". Havia algo em andamento ao norte que ele não sabia. A Campina desejava algo de Dorne, estava cobrando o preço e ele precisava saber o tamanho da dívida.

- Quero falar com minha irmã. Levem-me a ela. - ordenou Rylon. Jaqen assentiu e passou a caminhar, como se liderasse uma procissão.

Rylon Martell.
 



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Rylon Martell
Rylon Martell
Príncipe Roinar

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Mensagem por Rylon Martell Dom Ago 13, 2017 12:17 am



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Nymeria XV



Rylon pisou no interior do cômodo. Os odores dos incensos e das ervas preenchiam todo o local como um nevoeiro das úmidas Terras Fluviais. Algo entre os remédios e as canções das servas para fazerem sarar sua princesa, faziam daquele lugar um ponto quase místico, onde o objetivo era simplesmente impedir que a morte entrasse. Todavia, ela acabava de passar pela porta.

Sobre a cama, repousava um corpo em agonia de uma outrora Brenniel orgulhosa. O rosto que ostentava uma singular beleza, estava agora descarnado, retorcido e mergulhado em suor. Pouco havia da antiga mulher além dos olhos ferozes.

- Você venceu, não é, irmãozinho? - Sua voz saiu entrecortada, cheia de ressentimento. "Irmãozinho", era como Ryce o chamava em sua infância. Mesmo moribunda, Brenniel ainda buscava feri-lo.

- Retirem-se.
- Ele ordenou as criadas. Elas caminharam para a saída, sem questionar. O irmão precisava de um momento com sua irmã. Ele tomou uma das cadeiras envergadas e se sentou ao lado da cama. Fitava corajosamente, o injusto olhar de desdém de uma mulher sentenciada a morte. - O meistre disse que você se recusa a beber o leite de papoula.

- Eu não vou me acovardar, não vou, Rylon - Ela disse, olhando para o preparo sobre um criado mudo ao lado da cama e então olhou para o lado.

- Eu nunca joguei com você, Brenniel. - disse Rylon. Havia algo de aterrador em sua irmã, cadavérica, com as entranhas trituradas.

Ela reagiu lançando um olhar desconfiado para ele e voltou o olhar novamente a outra parede.

- Um Martell não mata outro Martell. É contra-producente. - disse, mais frio do que desejava. - Já existem muitos outros nos desejando mortos. Não fui eu que fiz isso.

- Você e seus códigos estúpidos. Suas convicções de intriga descabidas. Pensa que está sempre a frente dos outros, mas está sempre atrás! - O desprezo na voz dela era cortante.

Rylon estava distante de Brenniel há muito tempo. Ela sempre o criticara por sua postura branda quanto aos desafios que os reinos do norte haviam feito contra Dorne. Desejava tirar dele o poder e aquela ganância havia azedado toda a paz que ele podia ter em Lançassolar. Ele, no entanto, não desejava matar seu próprio sangue e fora isso o que o segurara durante todos aqueles anos de confrontos indiretos.

- Eu devia ter esganado você primeiro. - ela disse.

- Se eu quisesse assim, teria feito muito tempo atrás, quando você me desafiou na Torre da Lança. - Rylon se recordava do evento. Em plena Fúria, quando a seca destruía Dorne, Brenniel tentou impedir que ele aceitasse a ajuda de outros reinos. Ela repetia, em meio a tosses secas, o lema de sua Casa. " Insubmissos, Não curvados, Não quebrados". Talvez ela estivesse certa afinal.

- Quem mais além de você ia me querer fora do caminho, irmãozinho?
- Novamente a ironia e o desprezo não recuavam. Rylon ouvira uma vez que na hora da morte os homens se redimiam. Parecia que Brenniel seria diferente.

- É o que eu vim aqui para saber. - ele retorquiu.

Brenniel agarrou sua barriga. Parecia que se retorcia por dentro, a dor que ela devia estar sentindo estava apenas no começo. O meistre havia dito que ela sofrera de uma súbita diarréia. No entanto, Rylon não acreditava naquilo. Se assim fosse, metade do castelo deveria estar doente. Metade da cidade deveria estar doente. A morte não olha ninguém individualmente. É para todos como um Estranho.

- Aquela puta! - exclamou Brenniel. Em seguida, engasgou e vomitou uma bile escura e fétida. O líquido escorreu com cheiro de esgoto pelos lençóis de algodão bordados ricamente de dourado. Rylon se sentiu enojado, mas se conteve.

- A dama de vermelho, quem era?
- Rylon indagou.

- Nossa irmãzinha. Pequena vaca maldita. Devia ter acabado com ela assim que chegou - Brenniel respondeu, a bile negra ainda em seus lábios.

- Ela era de fato nossa irmã Zakintia? - perguntou Rylon. Era estranho aquele interrogatório com um cadáver. Brenniel ficara cooperativa na hora final, ele aproveitaria a rara e última oportunidade. Quando se encontra uma brecha no

- Possivelmente.

- Por que ela envenenaria você?


Brenniel riu, expelindo um pouco mais do vomito repulsivo entre os dentes.

- Como eu poderia saber? - ela respondeu, irônica. Então cerrou os olhos. - Ela estava diferente.

Ele suspirou. Algo naquela história não batia. Faltava algum elemento.

- O meistre não te deu o diagnóstico? - ela perguntou.

- Ele não sabe ao certo. Talvez tenha contraído alguma doença qualquer. - O olhar dela revelou pra ele um ar de entendimento. Ele não precisava se fingir de bobo. - Você foi envenenada, mas os sintomas não se encaixam e não havia nada no seu sangue ou na sua bile.


- Qual o seu palpite, irmãozinho? - A ironia dela o irritava. - Você sempre foi melhor nisso do que eu.

- Lágrimas de Lys.
- Rylon disse com convicção. Ele sabia muito bem de venenos. Bem o suficiente para saber quando um veneno era mal utilizado - Ele não deixa rastros. No entanto, doenças súbitas não assolam pessoas tão jovens como você dessa maneira. Principalmente, em circunstâncias tão suspeitas.

- Você sempre foi esperto. - Disse ela.- Seu problema foi sempre a fraqueza. Você nunca estava pronto para fazer o que era preciso.

- Eu fiz o que era preciso. Os últimos anos eu fortaleci Dorne, agrupei nossas forças com os negócios de Além do Mar Estreito. Protegi o futuro de Dorne. - ele respondeu. Buscava convence-la, não sabia porque, mas precisava.

- E pra que? Sua família está ruindo, Rylon. O legado de nossa Casa desaparecerá.
- As palavras da moribunda lhe cortaram como uma adaga. Ele a protegera de si mesmo durante todo aquele tempo. Agora ela morria, como Ryce morrera, como seu povo morrera. Um ódio diferente se formava no coração de Rylon. Não a centelha de ira que assola os lordes temperamentais. Era um ódio maduro que agora adquiria um formato novo. - Você deixou sua família morrer!

Brenniel vomitou profusamente. O líquido negro encheu sua boca. Rylon se levantou, digeria aquelas palavras. Algo mudava em sua mente. Ele finalizou o preparo de leite de papoula, dissolvendo a pasta previamente pronta em água numa proporção maior do que a normal.

Jaqen o havia ensinado que todo o veneno era dependente da dose e do desejo do assassino de matar. De fato, era comum que determinados remédios causassem terríveis males caso exagerados em sua dose. Rylon tinha uma estufa gigantesca, repleta de demonstrações. O velho Evrard não o deixava mentir.

- Eu nunca quis que as coisas acabassem assim…
- disse Rylon. Não era próximo da irmã e a detestava, mas ele não era nenhum monstro.

- Você sempre quis que acabasse assim. Apenas não teve coragem.
- disse Brenniel com uma repulsa quase alucinada pela dor.

Rylon dissolveu a papoula na água, observando a água esbranquiçar, formando algo como um leite espesso.

- Então, aqui tudo termina.
- Disse Brenniel, uma mulher que vivera dez anos para desafiar seu irmão, mas se entregava, para se ver livre da dor.

- Não, minha irmã. Aqui tudo começa.

Ela tomou o remédio completamente, como se estivesse sedenta, deixando o líquido escorrer pelo rosto. Ela fitava Rylon, enquanto o sono a acometia. Ele não virou os olhos, encarou-a até o fim.



Treino = Posologia e Oratória

Rylon Martell.




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Rylon Martell
Rylon Martell
Príncipe Roinar

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Mensagem por Rylon Martell Dom Ago 13, 2017 1:02 am



Unbowed, Unbent, Unbroken








Nymeria XVI



Os ventos uivavam passeando pelas três muralhas, varrendo a poeira da cidade sob a sombra de Lançassolar. Os ventos corriam através das janelas e saudavam o príncipe governante de Dorne. Seus olhos como o de uma víbora, fitavam o exterior, rumo a costa tranquila que dava fim ao Braço Quebrado e início aos Degraus.

Ele estava envolto em mantos de seda. Dispensara o serviço da maioria dos criados nos últimos dias. Vestiu-se com seda negra e um colete de brocado preto. Dispensara as cores vibrantes e quentes características de sua Casa, assumira a sombra que o cercava.

Jaqen o esperava no Grande Salão, quase uma silhueta da própria morte. O mentor o observava como se visse um reflexo de si mesmo, mas se havia alguma satisfação do mentor na sinistra transição de seu aprendiz, Rylon não pôde perceber.

— Nosso hóspede já está instalado nos Aposentos Nobres? - Disse Rylon. Gostava da ironia no nome.


— Sim, milorde. Está isolado desde que constatamos o problema de saúde suspeito da princesa Brenniel. — Retorquiu o homem. — Nós o transferimos para lá ontem a noite.

— Irei até ele agora. Onde está o Albino?

- Ainda está lidando com o envenenador de Lorde Toland. — disse.

— Mande-o para lá.

Rylon seguiu em direção as masmorras. Sua expressão facial era rígida, mas seus passos eram leves como o caminhar de um gato-das-sombras na neve. Uma adaga cinzelada com os símbolos da Casa Martell estava presa em um cinto de couro. As sedas se agitavam pelo percurso como a sombra de uma chama tremeluzente.

As masmorras não eram frias, mas carregadas com um calor tão intenso como o do auge de um longo Verão. Era possível ver as miragens causadas pelo calor se formarem nas barras de aço nas janelas. Um homem enlouqueceria se ficasse tempo demais em situação tão desumana. Felizmente, poucos eram os que suportavam muito tempo nas velas mais inóspitas.

" Como se faz um dornês ser dobrado pelo calor?" — a pergunta fazia parte de uma das muitas questões respondidas entre aquelas paredes. Rylon iria novamente usar esse artífice para cumprir seus propósitos.

Ele caminhou por corredores de barro e palha, até alcançar uma porta de cedro alaranjado. Empurrou a porta, ligeiramente travada pela dilatação que o calor intenso causava e adentrou nos sinistros Aposentos Nobres. Aqueles aposentos eram destinados àqueles cujo o testemunho era importante para o prosseguimento imediato de processos de interesse do Principado. Era uma sala grande revestida de pedras negras e equipada com um aparato singular. No centro, uma mesa grande de madeira exibia manchas vermelhas grotescas.

Um homem magro chamado Mallory, com profundos olhos azuis e pele cor de oliva, guardava o prisioneiro. Rylon conhecera mãe do rapaz, era uma das serventes de Lançassolar. Ele a havia dado uma viagem sem volta para Essos quando ele ainda era uma criança, o rapaz não tinha culpa dos crimes cometidos, foi empregado por dois anos como escudeiro, mas perdeu parte da mobilidade da perna após pisar numa armadilha. Estava nas masmorras desde, então. Ele estava acompanhado de um ajudante forte, de história nebulosa, mas também atrelado a profissão de extração de confissões.

— O prisioneiro está vendado, amordaçado e bem amarrado. — disse Mallory com sua voz grave, estranha para a sua compleição. — Deseja começar, milorde?

— Esperemos o Albino. — Disse Rylon e uma expressão de entendimento exagerada no rosto de Mallory o fez achar graça. O homem sabia que seria um dia cheio. - Ascenda o braseiro, Mallory.

Rylon esperou por alguns minutos, observando o prisioneiro enquanto mascava folhamarga. Ele ouviu a respiração ofegante do homem nas correntes, a espera era apenas o início. O medo cresce conforme a imaginação de uma pessoa é dada a permissão para se exercitar. A imaginação acaba por gerar mais medo que gera uma imaginação ainda mais fértil. Era em essência um processo educativo.

O braseiro espalhava um calor ainda maior pela sala. Era necessário mante-lo aceso apenas em situações específicas. Ali era onde um dornês podia ser ensinado a odiar o calor, a ponto de viajar léguas em direção ao Norte para se abrigar na Patrulha da Noite e por piedade ( Ou crueldade ainda maior), era o que Rylon os obrigava a fazer.

O Albino chegou a sala com seus passos estrondosos. O torturador-mestre era alto e forte como um touro, somava isso à sua criatividade, excelente coordenação motora na operação de pequenas lâminas e sua aparência grotesca. Ele era um exilado das Ilhas de Verão. Tinha todas as características étnicas daquela região, com exceção da cor da pele. Sua pele era pálida e os olhos eram tão claros que quase se misturavam a esclerótica. Havia dedicado trinta anos de sua vida ao trabalho processual ali envolvido. Quando era criança, Rylon tinha medo dele. Quando adulto, ele o mantinha alimentado. Jaqen Maegar acompanhava o torturador, trazia consigo um pergaminho, provavelmente uma confissão previamente preparada para ser assinada.

— Peço perdão, milorde. Não pude lava-las apropriadamente
— Disse o homem pálido, abrindo um estojo de couro contendo lâminas afiadas, como quem abria um livro de leis.

Algumas das muitas facas de formatos variados estavam de fato, manchadas de sangue, o que acrescentava um ar grotesco aquela visão. Embora o metal fosse limpo, as manchas de sangue eram sugadas pela madeira do cabo e com o tempo enegreciam. Rylon não conhecia o uso da maioria delas. Não tinha prazer algum em tortura, achava um método ineficaz para extrair verdades, confiava mais no vinho e em sua oratória para tal. Naquele dia, no entanto, estava interessado em confissões e não na verdade.

— Posso dar início a leitura das perguntas, milorde?— Indagou Jaqen.

Rylon o interrompeu com um breve aceno. Ele queria encurtar o máximo possível aquele processo e para isso preferia dosar mais um ataque a mente do que ao corpo. A imaginação é força motriz de um torturado. Primeiro, ele imagina por algum tempo que pode ser libertado, que sua posição ou seu passado o protegem de alguma forma. Em seguida, ele imagina que não terão coragem de mata-lo, ainda baseado na primeira premissa e que o mal que lhe infligem é apenas para intimidação. Imagina depois que deve ter alguém disposto a interceder por ele, se ele implorar. Por último, diz o que tiver que ser dito, para que sua dor acabe. Não havia vergonha nisso.

Para acelerar a confissão, Rylon iria atacar a primeira premissa, na qual todas as outras se baseiam. Quando o torturado não sabe o porquê de estar sofrendo tal suplício, ele não é capaz de negociar, seja lá o que tiver para oferecer, além de uma assinatura. No entanto, ele mesmo precisava admitir que a velocidade era apenas parte da justificativa, a verdade é que ele desejava infligir dor a alguém, mas queria fazer isso de forma produtiva.


— O prisioneiro é destro ou canhoto?
— perguntou Rylon, dirigindo-se a Mallory.

— Destro, milorde. — respondeu o ajudante.

— Prenda a mão esquerda dele na mesa.


Rylon observou seus guardas colocarem as mãos do homem sobre a mesa, amarrando-a em um suporte com tiras de couro. O homem gania sob a mordaça, como se já antecipasse a dor que sentiria. Aquela situação enigmática para ele era ainda pior. Nada aumenta mais a dor que o medo. O homem foi amarrado também na cadeira com uma corda forte, que lhe apertou as entranhas e não o deixava respirar adequadamente. Os servos do Albino se riam das atitudes do homem, aparentemente, ele havia acabado de sujar as calças.

Rylon não falou novamente até o fim de sua sessão. Ele tomou uma das lâminas do estojo e analisou seu gume afiado. Tocou na pele escura do homem com a faca e o frio do metal pareceu doer tanto no homem como um corte. Apesar do grito falsete, o corte veio apenas em seguida, um pouco antes do pulso, no braço dele, abrindo caminho pela pele de forma assustadora. Rylon se fascinava como o sangue demorava a escorrer por vezes. Quase três polegadas de corte até que o sangue começou a escorrer, transbordando pela abertura e ensopando a mesa.

- Fogo de Myr - pediu o príncipe e o Albino rapidamente tomou um frasco de seus materiais e
o talho aberto foi limpo com um pano sujo para afastar o sangue e o fogo myrês atingiu a ferida em cheio, causando mais dor por parte do homem torturado.

Rylon então continuou sua tarefa, passou a cortar mais profundamente e puxar os cantos da ferida. Muitos homens que executavam aquele processo, buscavam da melhor forma obter a pele intacta. O príncipe não tinha interesse algum em usar peles como troféis, mas desejava incutir dor o suficiente para que seu recado fosse transmitido. Ele deslizou a lâmina pelo corte, fazendo na parte superior do antebraço do homem um corte em forma de retângulo. Os ganidos de dor do homem eram audíves e muito altos, apesar da mordaça.

O príncipe então, pegou uma outra lâmina, mais curva na ponta. Ele se levantou, deixando por alguns momentos, sua vítima expectante. O homem suava por todos os poros em seu corpo e ofegava. Rylon aqueceu a lâmina no braseiro, até vê-la brilhar vermelha. Retornou para sua cadeira e tomou o braço do homem para continuar seu trabalho. Com a ponta dos dedos, pegou a extremidade do corte mais próxima a mão e a levantou o máximo que pôde. Usando a lâmina quente, ele começou a cutucar a parte sob a epiderme, para desfazer a junção entre a parte superior e a derme. Os breves cortes eram quase imediatamente cauterizados pelo calor da lâmina e o sangue fervia ao toque borbulhando e soltando vapores profanos.

Não demorou para que a lâmina fosse resfriada em contato com o sangue e o príncipe tivesse que se levantar novamente para aquecê-la. Sempre repetindo o mesmo processo de tomar com a ponta dos dedos a pele que se desprendia e com a outra mão que detinha a lâmina, romper a derme para soltá-la definitivamente. Foi necessário que ele repetisse três vezes o aquecimento da faca, que em cada novo toque, chiava e fazia o sangue acumulado ebulir. Após alguns minutos que ele conduziu com muita paciência, foi capaz de separar totalmente um retângulo perfeito de pele escura embebida em sangue negro. Ele jogou o pedaço de pele em um balde com especiarias para conservá-la. Rylon não colecionava peles que esfolava, mas limpando a gordura delas e colocando-as para secar, podia fazer couro humano que seria utilizado para alimentar o prisioneiro ou como o albino mais gostava, fazer pequenos artefatos de couro para lembrar o prisioneiro de sua estadia nas masmorras. Havia ouvido uma vez a história de um homem que saiu dali calçando a própria pele.

Com a primeira parte do processo finalizado, Rylon tomou um cutelo para a segunda parte da tortura, onde iniciaria de fato interrogatório. Nesse momento, escutou a porta se abrir e uma figura jovial, mas familiar adentrar a pequena saleta.

Olyvar Yronwood, sê bem vindo aos Aposentos Nobres de Lançassolar. - saudou o príncipe.






Treino = Tortura

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