Arsenal de Braavos

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Mensagem por Deus Afogado Ter Jun 20, 2017 11:12 pm



Arsenal de Braavos

O Arsenal é uma fortaleza que protege a principal entrada da Cidade Livre de Bravos. Localiza-se na entrada da lagoa, pouco além do Titã de Bravos. assenta-se sobre um rochedo, fortificado com muralhas de pedra e cheia de balistas, trabucos e catapultas de fogo. O Arsenal é também uma doca com espaço para dezenas de galés. Ao longo da costa da ilhota existem inúmeros cais, docas e galpões de madeira que prendem muitos navios. Ele abriga a frota de defesa da cidade e é o centro de construção naval em Bravos. Diz-se que uma galé guerra pode ser construída em um dia lá.
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Mensagem por Tyberios Saan Qui Jul 13, 2017 12:05 am


Captain of Dispair
☠ Covil do Torturador ☠




Porto Xadrez




A camisa de seda rica estava apertada contra seu corpo. Debaixo da cobertura de peliça, ele sentia o tecido repuxar seu peitoral, enquanto ajeitava o sabre na cintura. Aquela cabine era ligeiramente menor do que a qual ele estava acostumado e tinha um odor estranho, semelhante a almíscar que o enojava. Ele tomou os documentos sobre a mesa, alguns pergaminhos enrolados rusticamente e amassados no meio no qual estavam escritas as asneiras que outros homens gostariam de ler, e saiu de sua cabine.

Daemon, seu imediato, o aguardava e o acompanhou à passos largos pelos corredores de madeira.

- Já chegamos ao Porto Xadrez, senhor. Os vermes já deitaram as pranchas a estibordo e estão subindo no convés.

- Qual é o oficial dessa vez?

- Um merda chamado Seamas – respondeu o homem.

- É um empata-foda de merda mesmo. – respondeu ao imediato com os dentes cerrados.

Abriu a porta que o levou a acessar o convés. Diante de si, viu diversos oficiais braavosi, vestidos com seus uniformes engomados e ostentando os símbolos roxos de sua cidade natal.  Eles estavam ali para realizar a inspeção como era comum à todos os navios que chegavam a laguna de Braavos. A maioria não parecia muito afobada para aquela ação mecânica que seguia todas as manhãs em suas vidas, mas eram homens dedicados a encontrar produtos de contrabando ou peculiares o suficiente para serem reportados. Eram liderados por um oficial específico, o velho Seamas, que supervisionava o trabalho de seus homens e olhava com certo desdém para os marujos a bordo.

- O senhor é Tyberios Saan, capitão desta embarcação? – O oficial se dirigiu ao homem alto, coberto de peliça, com a palma da mão estendida.
 
Tyberios estendeu sua mão, com um certo nojo contido e apertou a mão do oficial. Teve o cuidado para fazer com que seu aperto de mão não fosse forte demais para demonstrar seu ressentimento com aquela humilhação cotidiana, mas cuidou que fosse fraco o suficiente para que o homem sentisse que ele não era ameaça alguma. Entregou em seguida os documentos da embarcação, que de certa forma, garantiam a legitimidade de seu comércio.

Seamas analisou o documento, passando os olhos rapidamente sobre ele. Algumas partes desses documentos ele já decorara, então tendia a se ater em posições específicas deles e checava mentalmente as informações que já possuía. Tyberios observava o homem realizar seu trabalho, reparando de forma involuntária na gigantesca testa do homem enfatizada pela calvície precoce e avançada.  Para distanciar-se dessa visão ele olhou para os lados, vendo as diferentes embarcações que se aparelhavam e abarrotavam no porto com seus capitães impacientes e nervosos nos decks, aguardando a inspeção acabar.

- Este é o Boa Vontade? – perguntou Seamas. – Qual carga ele leva, por favor?

- Sim, é o Boa Vontade – Tyberios mentiu com um sorriso simpático no rosto e dirigiu um olhar ao seu imediato. Foi Daemon que inventou aquele nome ridículo para embarcação e era algum tipo de ironia que ele havia projetado em sua cabeça perversa com o objetivo de fazer com que o capitão risse diante do oficial. Eles haviam roubado aquela coca na costa de Pentos há meio ano e decidiram usá-la para carregar uma parte da carga e aliviar o drómon. Era uma embarcação grande, simpática e com duas velas quadradas bastante eficientes em alto-mar. Exigia uma quantidade pequena de tripulantes e sua manutenção não era dispendiosa, por conta disso, eles a usaram para adentrar em Braavos e deixaram o Desespero em outro lugar. A maior parte da carga é composta de folhamarga, além da comida, água e um carregamento de tecidos que encomendaram de nós. Está tudo documentado aí caso tenha dúvidas, os pesos e valores de conversão nas transações também.

O oficial assentiu e Tyberios desviou o olhar para o gigantesco Arsenal que se erguia diante dele, em um esforço para conter a irritação que sentia diante daquele homem. Ele afastou os cabelos pintados de preto que caíram diante de seus olhos e continuou a conter a respiração, contando mentalmente os segundos. Sua mão esquerda envolvia o cabo do sabre embainhado na cintura. A arma lysena riquíssima, tinha a empunhadura coberta com anéis de ouro e um gigantesco rubi que adornava o pomo da arma. O capitão se fingia de comerciante lyseno, não que ele de fato não executasse aquela tarefa muito mais vezes do que desejava, mas aquilo exigia dele um controle que era incomum. A presença no Arsenal de Braavos exigia ainda mais dele que se mantivesse respeitosamente no papel que desempenhava. Ali, nem mesmo com suas habilidades na armadoria, seria capaz de retirar a coca do porto e atravessar o Titã em fuga sem ser colocado a pique na primeira oportunidade. O Arsenal era uma colossal mistura de estaleiro com fortaleza e a quantidade de galés de guerra na laguna era algo que não devia ser menosprezado.

Braavos não era uma cidade que aceitava bem os piratas, mas o nome de Tyberios ainda não era anátema no local. Embora o sobrenome pudesse causar desconfiança, os cabelos negros estavam ali para afastar qualquer suspeita e ninguém pensaria que um Saan se permitiria chegar em uma cidade em uma coca e não uma gigantesca galé lysena. Os braavosi eram notáveis caça-piratas, embora muitas vezes, a única coisa que os diferenciava era a cor roxa com que os cascos eram pintados. Toda essa postura da cidade, era parte de sua estrutura focada no comércio marítimo do qual ela era tão dependente. Não havia de fato uma terra que a ligasse ao continente diretamente e aquela afluência de comércio e riqueza era um atrativo grande demais para que eles se permitissem tolerar pirataria em suas proximidades.

Seamas reportaria a semelhança do nome para seus superiores mais tarde, com certo receio e eles decidiriam se passariam a informação adiante para alguém que a quisesse verificar. Eventualmente, alguém iria se aproximar do capitão com inúmeras perguntas, motivo pelo qual, Tyberios pretendia por fim a sua expedição àquela cidade o quanto antes.

- Peço que aguarde algumas horas, senhor. Permaneça na embarcação durante a inspeção, por favor. – Seamas anunciou o início da inspeção e ordenou que seus homens vasculhassem o porão do navio em busca de mercadorias e objetos ilícitos.

– Tem um tempo de permanência definido?

O interrogatório era comum na chegada a qualquer porto. Alguns eram mais controladores e outros mais liberais com os navios que chegavam. No geral, todos eles queriam saber, quem estava lá, o porquê e por quanto tempo ficariam. Em Braavos, as perguntas eram um pouco mais capciosas e se seguiam por uma quantidade maior de tempo com os navios estrangeiros. Não se importavam de impacientar o capitão. Na verdade, era desejável tal situação, talvez assim liberasse alguma informação que fosse importante.

Seamas era também um espião bastante fortuito. Sua aparência comum e sua posição burocrática escondiam um certo mistério e poder que ele entendia e explorava vendendo informações a quem pagasse mais. Levava informações de um lado a outro, tomava os reportes de seus homens afim de poder captar possíveis operações ou flutuações comerciais que podiam se seguir. Como tinha acesso à uma boa quantidade de navios que chegavam e acessava os relatórios do Arsenal, podia vender aos comerciantes as informações acerca de quais produtos estão mais baratos e chegando em maior quantidade, além de oportunidades para Além do Mar Estreito. Esse fator conveniente na posição de Seamas era o que irritava mais Tyberios. Quando entregava deliberadamente informações sobre sua embarcação, sabia que estava alimentando um negócio muito maior e que envolvia mais ouro do que sua coca podia transportar.

As perguntas se seguiram por uma meia hora, até que o oficial deixou em paz o capitão e se dirigiu ao porão para supervisionar os homens. Tyberios sentou no costado, acompanhado de Daemon Parsin, observando a movimentação de soldados e marujos pelo porto. A fortificação diante dele escondia a maior parte do gigantesco Titã, ao passo que só era possível ver sua cabeça e o braço estendido. Estava ansioso para que aquele processo acabasse, por mais que estivesse acostumado com o contrabando, estava menos acostumado com o comércio legítimo.

-Onde será o ponto de encontro? – perguntou o imediato.

- Ela indicou uma taverna no Porto de Ragman, nós vamos ver no que vai dar. – Respondeu o capitão, batendo com as botas no costado de madeira, enquanto via ao longe a Cidade Afogada com seus domos e estruturas redondas parcialmente submersas. Parecia de alguma forma que aos poucos a cidade avançara na direção deles e foi aos poucos mergulhando na água, como alguém que caminhava para entrar no mar.

- E no que acha que vai dar? – indagou Daemon.

- Espero que um bom saque ou pelo menos, que possamos sair daqui com um negócio melhor do que com o qual chegamos.

Tyberios estava insatisfeito, aguardando ali no costado, enquanto seus homens faziam ligeiros reparos nos cordames, ele lembrava-se que fazia algum tempo que não se divertia. Fazia tempo que não tinha um saque bom de verdade. Os homens também sentiam certa frustração, com os saques menores dos últimos meses e o foco no comércio no qual Sallazar insistiu. Tyberios não permitiria que seus homens o fizessem desautorizar seu irmão, mas sabia que colocar homens e mulheres sanguinários em um ambiente limitado tinha um preço.

- Um negócio excelente seria sair daqui com vida, eu diria. O imediato exclamou. Os homens do oficial cochichavam do outro lado do convés. Alguns soldados se posicionavam na plataforma do Porto, próximo ao barco deles e Seamas parecia demorar a retornar. Os marujos se entreolhavam nervosos. Tyberios, no entanto, continuava pensando na Cidade Afogada.

- Não precisa se preocupar, Daemon. Antes que me prendessem eu levaria metade da frota braavosi comigo para o fundo da laguna. – O capitão parecia debochado, mesmo com uma fortaleza em suas costas. O imediato refletiu alguns segundos. A imprevisibilidade de Tyberios era tamanha, que  era difícil encontrar o ponto que diferenciava aquela afirmação de um deboche para uma ameaça. Concluiu que apesar de suas tendências suicidas, Tyberios não queria acabar morto empalado por uma flecha de balestra em uma coca de merda em Braavos.

- Sabe que eu nem afiei esse sabre? – disse o imediato, rindo. Ele havia roubado o sabre de um cafetão de Lys. Era uma arma decorativa antes de qualquer coisa, mas fazia com que o capitão parecesse semelhante a um mercador, de certa forma.

- Eu nunca disse que precisaria de uma arma afiada.

Daemon riu diante da perspectiva. Os soldados se dirigiram a uma outra embarcação e os cochichos apontavam para o que acontecia ao lado. Nem um deles se importava de fato com o que acontecia. Era importante para as aparências que estivessem à vista.

Após algumas horas o oficial emergiu, saindo da escuridão do porão, sentindo a luminosidade da manhã lhe perturbar os olhos. Ele se dirigiu ao capitão com a cara fechada.

- Agradeço a cooperação, senhor. Está tudo em ordem. Desejo ao senhor uma boa estada. – Seaman se despediu com demasiada formalidade. Se Tyberios tinha alguma dúvida de que fora reconhecido, elas se dissiparam na hora. Se assim tivesse sido, o oficial dificilmente conseguiria olhar em seu rosto. Era mais provável que percebessem o equívoco depois. Enquanto aquilo não acontecia, tinha liberdade para agir como bem entendesse, sem se preocupar com um espião em seus calcanhares.

- Eu que agradeço, senhor – O sorriso flácido e fingido no rosto de Tyberios era sua melhor tentativa de não levantar dúvidas após passar quatro horas plantado à espera da boa vontade de um oficial braavosi. Infelizmente, a cidade ainda era invencível demais, para ele considerar saqueá-la no futuro. Ainda assim, poderia tentar a sorte em suas tavernas mais tarde.







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