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Mensagem por Senhora das Lanças Dom Jun 04, 2017 2:49 pm



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Embora a erudição não tenha sido a principal característica de algumas gerações da família Baratheon, é possível encontrar no castelo praticamente qualquer título conhecido pelo homem. Textos da Cidadela e contos de Volantis ou do Norte, todos preservados nas gigantescas estantes de madeira escura, que serpenteiam pelo piso claro do ambiente iluminado por grandes janelas gradeadas e velas. Há muitas mesas de leitura distribuídas pelo lugar, que é deixado aos cuidados do Intendente do castelo.

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Mensagem por Ella Baratheon Stark Qui Jul 20, 2017 9:04 pm




STORMBORN




Our is the fury. And mine is the crown
Não gostava de trabalhar na solidão de meus aposentos ou na sufocante atmosfera de nosso salão de guerra. Como alternativa, havia pedido que os servos transferissem meus pertences e documentos para a biblioteca do castelo, ocupando uma mesa grande, próxima a uma das janelas. Quase podia sentir a brisa marinha dali, enquanto um ou outro albatroz sobrevoava nossos muros. A vida corria a passos largos lá fora, era sabido. Enquanto relia um ou outro bilhete trazido pelos ventos do Norte, confabulava sozinha sobre o que minhas irmãs mais novas aprontavam longe de minhas vistas. Ambas já chegavam na idade certa para o casamento, mas não pareciam inclinadas a aceitar uma imposição minha. Eu tampouco teria coração para tanto, a não ser que fosse realmente necessário, já que tal sanção não havia sido aplicada a mim por meu pai ou irmão.

Os passos de um dos soldados ecoavam pelos corredores, vibrando pelo piso até a biblioteca. Sentia minha atenção por um fio, como se pudesse me entreter até mesmo com o barulho das ondas do outro lado da muralha. Noticias chegavam de todos os cantos do reino e de minhas próprias, e eu tentava classificar cada uma delas segundo seu grau de importância e relevância para a casa Baratheon. A outrora quase extinta dinastia de minha família era a preocupação principal. Amigos da Campina cantavam sobre um torneio em honra de Desmera Tyrell, uma Lady improvável e uma Casa cada dia mais poderosa.

Tais informações já seriam suficientes para aguçar meu interesse, mas antes delas, meus olhos já se voltavam para meus vizinhos. Desmera era uma mulher complexa e ao mesmo tempo muito clara. Os anos ao lado de meu pai, que ostentava características semelhantes, haviam me ensinado a admirar e temer pessoas assim. Joseph, seu filho e Senhor de Highgarden, era um homem justo e afiado. Os laços entre nossas regiões haviam se estreitado com a morte de Lady Tyrell. Não gostava de admitir que havia usado seu funeral para fins políticos, mas em curta análise era essa a verdade. Tive a oportunidade de conhecer os rostos da família e reforçar nossos laços comerciais, e agora outra ocasião surgia.

Marjorie, minha velha ama, chegava com uma enorme bandeja dourada, trazendo uma pequena xícara fumegante. Ergui os olhos para ela com um sorriso sugestivo. - Encomende um vestido de festa, Marjorie. Com o mais belo bordado do escudo Baratheon. O jardim nos dará uma festa em breve. - Pedi. A ama concordou com a cabeça e pousou a xícara diante de mim. - Acha prudente deixar a fortaleza por tanto tempo, Milady? - Questionou. Seriam necessários meses para uma jornada tão longa, mas a regência não me assustava tanto quanto antes. - Certos sacrifícios são necessários, se em nome de amigos tão queridos. - Respondo, sentindo as palavras doces em minha língua.

Com uma reverência, Marjorie deixou o recinto, varrendo o piso com a barra de seu vestido. Voltei minha atenção para meus escritos, e para os muitos selos, nacionais e estrangeiros, que se acumulavam ali. Um deles em especial vinha de uma correspondente antiga, alguém por quem sentia admiração e incerteza na mesma medida. O selo Blackfyre me lembrava da coroa acima da minha, a quem eu devia lealdade.

Romper a resistência e desconfiança da família real para com o selo de uma rebelião era uma tarefa exaustiva e constante, mas era algo que eu estava disposta a fazer. A perpetuação de uma Casa está sempre ligada ao apoio certo, à lealdade despendida de forma correta. Se eu queria governar com propriedade, não seria suficiente reforçar minhas fronteiras e tropas, mas semear minha influência em outros reinos. Restava fazê-lo com cuidado. Puxei pergaminho e pena, jorrando palavras em uma caligrafia cuidadosa, já que há muito havia dispensado um servo para isso. Dias duvidosos estavam por vir, e os corvos deviam começar a voar.  





TREINO DE POLÍTICA
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Mensagem por Ella Baratheon Stark Sáb Jul 29, 2017 4:17 pm

POST FLASHBACK - CERCA DE SEIS ANOS ATRÁS



STORMBORN




Our is the fury. And mine is the crown
Os dias passavam com uma vagareza assombrosa. Havia pequenos problemas estruturais a serem resolvidos, e aos poucos toda a agitação que tomara conta de nossas vidas por conta da morte de meu pai era esquecida por nobres e plebeus. Com certa relutância, Endric me aceitara como conselheira, talvez por considerar que fosse necessário que me ocupasse com alguma coisa para evitar a loucura.

Pouco meses antes, ele tentara negociar meu casamento, um artifício para me afastar de nossa casa e das lembranças de nosso pai. Eu havia me recusado a aceitar a mão de quem quer que fosse, e sabia que ele não me perdoara por isso, já que não escondia seu desagrado. Porém, conforme o tempo passava e conspirava ao meu favor, meu irmão se mostrava cada vez mais disposto a ignorar minha falha. Eu sabia que, lá no fundo, ele entendia. Eu só amara um homem em minha vida, e ele já estava casado, e era pouco provável que eu viesse a amar de novo. E infelizmente, eu não me casaria sem amor. Quão diferente teria sido o mundo se Lyanna Stark tivesse se resignado com o noivado com Robert Baratheon? Quão simples teria sido a história dos Sete Reinos?

A bela e jovem Stark era dotada de teimosia e temperamento forte, capaz de manejar uma espada com maestria, caso seu pai houvesse permitido. Fora prometida ao meu antepassado, Robert, ainda muito cedo, e morta não muito tempo depois. Robert a amava com todo seu coração e alma, mas Lyanna não correspondia a esse sentimento com a vastidão apropriada. Não acreditava num futuro com Robert e tampouco julgava que o filho de Steffon se tornasse um marido fiel.

Mesmo com boas intenções e bom berço, o Baratheon carregava com ele uma reputação leviana e trejeitos que não convenciam a herdeira Stark, mesmo se tratando de um grande amigo de seu irmão, Ned. Foi então que o belo e casado príncipe Rhaegar surgiu. Rhaegar era melancolia, beleza e mistério personificados em um único homem, e logo foi envolvido pela pequena loba do Norte.

Não foi preciso muito para que Rhaegar supostamente a raptasse. Ele tinha influência e poder, mas estava preso a um casamento com a princesa de Dorne. Pouco poderia ser feito de forma legal, e muito foi feito de forma torta, mandando milhares para uma morte na guerra. Não havia outro homem em minha vida além de Artys, e eu sabia que jamais seríamos como Rhaegar e Lyanna. Eu não era dominada por ímpetos rebeldes, mas era doloroso pensar no destino que meus irmão desejava para mim. Eu queria ser livre, poder escolher por mim mesma e não me envergonhar por não fazer a vontade de Endric. Naquele dia, presa na biblioteca, seria mais fácil simplesmente ser outra pessoa.





TREINO DE HISTÓRIA
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Mensagem por Myla Baratheon Sáb Ago 12, 2017 4:41 pm

Myla Baratheon
INTERAÇÃO FLASHBACK  


Através dos impecáveis vidros que compunham as janelas, Myla conseguia ver o céu. A cor era indefinida, uma mistura psicodélica e abstrata de tons de laranja, rosa e azul que manchava o horizonte por sobre o mar visível. Myla adorava apreciar a vista dos fins de tarde - se tivesse dons para a pintura, era certo de que o pôr-do-sol em Ponta Tempestade seria uma das cenas mais pintadas pela garota.

Pouco tempo havia se passado desde o décimo segundo dia de seu nome. Festas foram festejadas em razão de Myla Baratheon; carneiros e porcos foram assados e servidos com frutas, em bandejas reluzentes; vinhos e sucos foram entornados goela abaixo, bem como as tortas doces que mexiam indescritivelmente com o paladar de cada felizardo que tivera a sorte de conseguir enfiar uma migalha na boca. Os salões de Ponta Tempestade serviram um grande banquete em seu nome, apesar da garota sentir-se tão infeliz quanto os animais assados se sentiram assustados nos momentos antes do abate.

Era o segundo ano que as festividades e eventos em Ponta Tempestade ocorriam sem a presença do filho mais velho dos Baratheon, Endric. Apesar de ser um período considerável e o luto na família ter encerrado-se há tempos, Myla sentia como se a notícia do naufrágio tivesse sido lhe informada poucos dias atrás. Sentia falta do rapaz, mesmo que em grande parte das vezes algumas características de seu gênio temperamental lhe irritassem. Cheia de energia e disposição, a menina era uma criança com curiosidade em excesso e perguntas igualmente excessivas. Foi com Endric ao lado que Myla desvendou pela primeira vez todos os cantos do castelo de Ponta Tempestade, investigando desde as pequenas rachaduras que encontrou até as passagens e caminhos secundários utilizados pelos criados e demais funcionários da fortaleza.

Naquela tarde em particular, a garota sentia uma imensa saudade do irmão e seus conselhos. Há alguns dias, havia sangrado pela primeira vez - sabia que o momento chegaria, mas não estava de fato preparada para o choque de acordar e sentir o fluido vermelho que marcava uma nova etapa de sua vida descer pelas coxas. Levada imediatamente até as mulheres mais velhas da família, Myla passou horas reunida no Mirante de Rhaelle com as irmãs Ella e Marianne, sendo informada sobre suas responsabilidades e deveres agora como moça formada. Entre eles, estava o fato de casar-se num futuro próximo, com o intuito de firmar mais alianças para a casa Baratheon. Apesar de Lady Argella deixar bem claro que Myla não seria forçada a unir-se matrimonialmente com alguém pelo qual não nutrisse sentimentos, a garota havia se decidido quanto ao assunto: casaria com quem fosse preciso, se isso implicasse no mantimento da honra e poderio de sua família. Acima da própria felicidade, Myla apoiava o sobrenome dourado dos Baratheon e gostaria de ser lembrada nos livros de história como sendo uma das ladys que ajudou sua família a manter-se no pódio das Grandes Casas de Westeros.

A biblioteca do castelo de Ponta Tempestade sempre teve um lugar especial no coração de Myla. Apesar de gostar de passar o tempo ao ar livre, aventurando-se pelos jardins que compunham o Labirinto de Argella ou subindo furtivamente aos muros altíssimos ocupados pelos vigias da fortaleza, a biblioteca estava entre seus locais favoritos, sendo o cômodo interno de que Myla mais gostava. As estantes eram imensas, e a quantidade de livros que o aposento continha era assustadora para a menina.

O batuque das primeiras gotas de água caindo do céu nas pedras que formavam o castelo era audível, começando de modo lento mas acelerando-se até que se tornasse uma chuva torrencial. O céu lá fora havia escurecido de tal maneira que se tornou impossível ver o sol se pôr completamente no horizonte, para desgosto de Myla. Era, entretanto, encantador o modo como a cena bela vista das janelas pouco tempo atrás se moldava e transformava-se em outra obra de arte - os pingos de chuva que caíam das nuvens negras se chocavam contra o mar, que outrora estava liso e impassível, formando vibrações e ondas na água. Era possível observar ao longe a maré se elevando na areia da Baía dos Naufrágios e se chocando contra as pedras, dando um ar ameaçador ao quadro que Myla havia imaginado da cena.

Dando as costas para as janelas que miravam a costa e o mar, a garota voltou-se para uma das estantes próximas e retirou um livro grosso e pesado de seu lugar, junto aos outros. Estava, propositalmente, localizado na parte baixa da estante, posicionado de modo que o um metro e cinquenta e sete de altura de Myla conseguisse alcançar e tomar posse da obra quando quisesse.

"A História de Valíria: o grande império e sua ruína" era o título que o livro carregava em sua capa, em letras douradas cursivas contrastando com o fundo de cor preta. Como era de se imaginar, Myla gostava muito das histórias e lendas sobre a cidade de Valíria e, principalmente, sobre o que causou a destruição da mesma. A Perdição de Valíria podia ser contada para as crianças à noite com a intenção de assustá-las, mas causava em Myla apenas curiosidade e interesse.

Sabendo deste fato, foi pedido ao intendente do castelo, responsável pela organização da biblioteca, que os pergaminhos e livros relacionados aos valirianos e seus dragões fossem guardados nas partes mais baixas das estantes, a fim de que Myla pudesse lê-los quando quisesse. O aposento não era visitado com muita frequência pelos outros membros da Casa Baratheon, mas ocasionalmente era possível ver a atual monarca da família, Ella, rondando por entre as estantes e seus livros.

Myla se dirigiu para a mesa mais próxima e se sentou na cadeira que a acompanhava, abrindo o livro e passando as páginas até chegar no último trecho que havia lido. "A Perdição", era o nome do capítulo que se abria a sua frente. Para a garota, era curioso o modo como as pessoas se interessavam pelas histórias mesmo quando já conheciam o final - era, inclusive, por isso que Myla estava passando no momento. Aproximando a vela que repousava sobre a mesa, leu mentalmente os primeiros escritos:

"Não se sabe a natureza do ocorrido, mas suspeita-se de que a causa do cataclisma foi uma intensa atividade nas Quatorze Chamas."

As chamadas Quatorze Chamas eram uma formação de cadeias vulcânicas, localizadas na Península Valiriana. Myla não possuía muito senso de direção e, mesmo após ter estudado mapas do continente de Essos com o meistre de Ponta Tempestade, a garota nunca se lembrava onde exatamente se encontravam os locais da história.

Myla sabia também que foi explorando as Quatorze Chamas que os valirianos, antes pastores e plebeus sem riquezas, encontraram ovos de dragões e minérios valiosos. Segundo o que o meistre havia lhe dito, os senhores em ascensão da Cidade Franca de Valíria começaram a mandar escravos para a exploração de tesouros nas minas. Sombriamente, ele também lhe contou sobre os wyrms de fogo - criaturas não aladas, embora similares aos dragões, que não tinham compaixão pelos homens e os queimavam vivos, deixando cadáveres como tesouro para quem viesse procurá-los depois. Myla não sabia se tais seres eram de fato reais, mas como toda criança sonhadora, imaginava a si mesma como sendo a primeira pessoa a matar um deles e trazê-lo das profundezas da terra à superfície do mundo.

A garota se perguntava mentalmente se a Perdição havia sido causada pelos próprios valirianos, como o livro em suas mãos dava a entender. Caso as suposições estivessem corretas, Myla não saberia o que pensar - em um ponto, acreditava que a interferência e ambição dos valirianos deviam ser devolvidas com a mesma intensidade. Afinal, mesmo os mais ignorantes sabiam que a terra tem seus limites e desgraças acontecem caso se exija demais da natureza. Por outro lado, não seria sem esforços que Valíria seria o maior império que o mundo já conheceu. Graças às explorações, os dragões e todas as demais riquezas foram encontradas se tornaram a origem da ascensão do Domínio Valiriano.

"Diz-se que, no dia da Perdição, todos os montes ao longo de quinhentas milhas tinham se despedaçado para encher o ar com cinzas, fumo e fogo; incêndios tão quentes e famintos que mesmo os dragões no céu foram envolvidos e consumidos."

Myla adorava esse trecho da história, pois lhe causava arrepios. Ela tentava a todo custo imaginar como dragões, seres criados com fogo e pelo fogo, poderiam ser mortos com a mesma essência que saía de suas bocarras.

A garota olhou para a chama oscilante da vela que lhe proporcionava a luz necessária para conseguir enxergar as palavras do livro, tremeluzindo com algum sopro de ar tão sutil que Myla sequer conseguia sentir. Passou um longo momento encarando a chama, imaginando o quanto poderia ser destrutiva caso chegasse perto demais da página de algum livro e se espalhasse pelo resto do aposento. Recheado de madeira e papel, a biblioteca era o cômodo e o seio ideal para alimentar um incêndio, que poderia futuramente até vir a se alastrar pelo resto do castelo. Era uma ideia aterrorizante, e Myla sentiu compaixão ao pensar no quanto as vítimas de dragões e wyrms devem ter sofrido com as chamas.

Entendeu, por fim, a razão de seu deus ter escolhido o fogo como símbolo: ninguém, em sã consciência, seria tolo o bastante para se arriscar e desafiar as chamas.

Treino: História  
THANK YOU WEIRD BY LOTUS GRAPHICS EDITION!
Myla Baratheon
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Nobreza (Mulheres)

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