Porto da Mágoa

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Mensagem por Deus Afogado Qua Jun 21, 2017 1:03 am



Porto da Mágoa

O Porto da Mágoa é uma área considerável de ancoradouros onde navios mercantis são recebidos para compra de escravos ou venda, tal como, para abastecer os Bons Mestres com suprimentos exóticos, e o povo astapori com migalhas. Logo depois dos ancoradouros, pequenos edifícios quadrados de tijolos vermelhos guardam algumas estalagens, tavernas e outros comércios não tão lucrativos. Escravos e cidadãos astapori transitam e cumprem com suas tarefas no porto e nas áreas periféricas.
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Mensagem por Sallazar Saan Sáb Jul 22, 2017 7:36 pm

Homens de Água Salgada I


Flashback – Durante essa passagem Sallazar é um jovem capitão de 17 anos

As águas da Baía dos Escravos estavam agitadas naquela manhã. O Harpia lutava contra as águas furiosas que resistiam as tentativas da Galera de seguir seu caminho. O tempo estava feio e prestes a ficar horroroso à oeste. O azul do céu havia sido roubado deixando apenas uma massa cinza de nuvens carregadas em seus lugar, as águas dançavam furiosas e agrediam a madeira do casco. A coca parecia que não aguentaria aquela tempestade e os tripulantes estavam preocupados.

O jovem capitão de barba rala e cabelos ruivos com os olhos violeta típicos dos valirianos estava totalmente alheio as preocupações da tripulação. Parado sobre o convés superior Sallazar bebia rum negro de uma garrafa em forma de gota.

- Capitão! – E lá estava ele, Lyso Orlys o contramestre da tripulação. Mulherengo, irônico, manipulador, bêbado e o melhor amigo de Sallazar. – Capitão Saan!

Sallazar levou algum tempo para responder, ele estava focado demais admirando a obra de arte que a mãe-natureza enviava em forma de tempestade para responder Lyso.

- O que foi Orlys?

- Os homens querem saber quais são as ordens.

- Beber até cair! – Sallazar bebeu mais um gole de rum e levantou a garrafa como se fizesse um brinde.

- Mas que merda, Sallaz! Eu estou falando sério!

Sallazar riu mais um pouco e apertou a bochecha esquerda Lyso ainda rindo.

- Você precisa se divertir mais meu amigo! – Aquilo era uma ironia. Quando estavam em terra Lyso Orlys era o senhor da farra, conhecido em todas as tavernas e bordéis e constantemente alegava que Sallazar era muito sério.

O contramestre não usou palavras para repreender Saan, ele não precisava. Seu olhar foi o necessário para o capitão decidir acalmar o amigo e companheiro de tripulação.

- Balliryo! – Ainda olhando para o contramestre o capitão gritando chamando o navegador, ele não precisava olha para saber que o homem de meia-idade, o negro e o grisalho disputando a dominância dos cabelos que chegavam até o pescoço estaria junto ao timão.

- Senhor?

- Trace o curso para leste!

- Sim, capitão!

Sallazar entregou a garrafa de rum negro para Lyso e caminhou sobre o convés superior abandonando a visão do contramestre para observar sua tripulação.

- Soltem a vela do segundo mastro! Vamos aproveitar o vento oeste para nos aproximar de Astapor!

- Sim, capitão! Um coro de vozes respondeu o capitão lyseno.

- Balliryo! Quando nos aproximarmos da cidade mude o curso para seguir as margens. Vamos seguir junto à costa e dar a volta no mau tempo.

- Sim, capitão!

Sallazar se aproximou do contramestre do navio novamente com um sorriso no rosto e o sentimento de vitória no coração.

- Está bom assim para você Senhor Orlys?

- Bastante, Sallaz.

- Então se estamos todos felizes eu irei para minha cabine – O capitão pegou de volta a garrafa de bebida – Beber.

Sallazar passou algumas horas dentro de sua cabine. Apesar de suas provocações para o contramestre ele praticamente não bebeu. Sobre sua mesa um mapa da Baía dos Escravos aberto. O mapa não era o centro da atenção de Sallazar, havia um grosso livro de capa negra sobre o mapa. Com um livro simular em mãos e os pés sobre a mesa, Saan avaliava as contas do seu negócio em Lys.

Virar o capitão do Harpia era apenas mais uma etapa nos negócios de Sallaz. Agora que o antigo capitão estava fora do caminho e a tripulação havia escolhido o lyseno para o substituir Saan apresentaria uma proposta a tripulação de que ele comprasse diretamente todos os saques. Assim a tripulação teria a certeza da venda do que capturasse e Sallazar teria acesso a produtos por custo reduzido para revender e elevar seu negócio. Seu pai estaria orgulhoso.

- Velas! – O grito empolgado do marinheiro pode ser ouvido mesmo dentro da cabine do capitão. Era difícil guardar segredos em um navio, não era necessário gritar alto para que todos ouvissem. O capitão pegou seu sabre lyseno e saiu da cabine a fim de descobrir que velas haviam sido identificadas.

- O que nós temos? – Sallazar perguntou para o primeiro marinheiro que encontrou quando saiu.

- Gyllio viu um navio mercante.

Sallazar seguiu caminhando pelo convés abrindo caminho entre os piratas, quando encontrou Lyso Orlys entregou o cinto com seu sabre ao contramestre e pegou a luneta que este utilizava.

- Cores de Meeren. Navio mercador com certeza.

- Conhecendo os mercadores de Meeren estará mal guardado. Um saque fácil.

- Com certeza – Sallazar estava rodeado por piratas curiosos, como a luneta estava nas mãos do capitão eles tentavam com seus olhos identificar o navio. Seus olhos só abandonaram o navio mercante para observar o capitão ansiosos. – O que diabos vocês estão esperando? Vamos nos mover a todo pano!

Os piratas começaram a correr pelo navio a fim de executar suas funções, todos estavam loucos para saquear. Todos já imaginavam o ouro que receberiam pela mercadoria do navio, já haviam gasto metade em suas mentes.

- Balliryo! Trace o curso para norte-noroeste! Vamos intercepta-lo!

- Sim, capitão!

- Syrano! Velocidade!

Syrano subiu na borda do navio a estibordo e jogou o flutuador na água deixando a corda se estender.

- Cinco nós, capitão!

- Merda, não é o bastante – Dessa vez Sallazar não gritou, ele não arriscaria afetar a moral dos homens estando tão próximo de um ataque. – Eu mandei ir a todo pano seus bastardos! Soltem essas velas! – Agora sim ele gritava como um bom capitão mandão.

As duas tímidas velas quadradas da coca foram totalmente soltas enquanto a coca desliva pelo campo azul inconstante.

- Velocidade!

O flutuador foi jogado novamente, a corda se esticava enquanto Sallazar olhava apreensivo para Syrano a estibordo.

- Sete nós, capitão!

O navio mercante seguia seu curso sem se preocupar com a humilde coca que se aproximava, provavelmente acreditavam que se tratava de outro navio mercante. O cinto com o sabre estava preso a cintura de Sallazar e a maior parte da tripulação já estava pegando seus sabres e machados. Com exceção dos que pegavam arcos e flechas para atirar no navio mercante e os que pegavam os grandes ganchos e cordas para forças a aproximação.

- Balliryo! Todo timão a bombordo!

- Sim, capitão!

O navio começava a deslizar para uma aproximação lateral, estava chegando a hora de realizar o ataque.

- Preparem-se para abordagem à estibordo!

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Mensagem por Sallazar Saan Dom Jul 23, 2017 1:25 pm

Homens de Água Salgada II


Flashback – Durante essa passagem Sallazar é um jovem capitão de 17 anos

Corpos, sangue, armas, lascas de madeira quebradas durante a batalha. Sallazar pisava por tudo isso enquanto caminhava pelo navio, na mão esquerda segurava o manifesto do navio, uma encadernação grosseira envolvendo algumas folhas amareladas e na mão direita uma garrafa de vinho dornês, provavelmente a melhor bebida do capitão que estava escondida em sua cabine.

- Senhor Orlys – Saan jogou o manifesto para o contramestre. – Faça o favor de nos dizer o que esse saque nos rendeu.

O contramestre do Harpia correu os olhos rapidamente pelas folhas e só em uma segunda leitura falou em voz alta para toda tripulação ouvir.

- 10 barris de vinho seco dornês, 20 quilos de laranjas, 20 quilos de romãs, 50 peças de seda, 50 peças de tapeçaria e 2 barris de chapéu cinzento.

Sallazar sorriu satisfeito, ele conseguiria vender facilmente aquela carga em Lys. Provavelmente pelo dobro do preço que os mercadores venderiam em Meeren.

- Vocês ouviram rapazes! Agora vão pegar!

Parte dos piratas havia guardado suas armas, agora o que importava era o trabalho braçal para levar a carga do navio saqueado para o Harpia. Aquele era um bom saque, uma carga valiosa como recompensa para uma luta fácil. A moral dos homens iria subir com aquilo, principalmente quando vissem as moedas.

Nem todos os tripulantes do navio mercante haviam sido mortos, Salla sempre dava a suas vítimas a oportunidade de se render. Não havia nada pessoal ali, eram negócios.

Os sobreviventes estavam ajoelhados um ao lado do outro no convés do navio, Sallazar caminhava na frente deles de um lado para o outro.

- A luta acabou e vocês não tem mais o que temer. Nós sabemos que vocês não são o inimigo. Vocês só estavam recebendo ordens por um salário miserável não é mesmo? Todos nós já fomos com vocês mas decidimos tomar o controle do nosso destino.

Os piratas ainda no convés gritaram como animais com as palavras de Sallazar. Como um grupo de soldados bem treinado vibrando antes de uma batalha.

- Hoje é o melhor dia de suas vidas patéticas! Hoje vocês terão a oportunidade de assumirem o controle do seu destino!

Novamente o coro de piratas vibrou com as palavras do capitão.

- Quem de vocês quer ser um de nós?

Os prisioneiros trocaram olhares assustados e confusos, talvez todos eles quisessem, talvez todos tivessem medo. Eles sempre tinham esse olhar.

- Eu quero. – Um homem de pele queimada e corpo forte foi o primeiro a se pronunciar.

- Eu também. – Um homem de pele negra foi o segundo, provavelmente um ilhéu de verão.

Dois piratas rudemente se aproximaram dos dois voluntários e os levantaram rudemente. Os dois foram conduzidos até o centro do convés. Os piratas em volta começaram a bater seus sabres e machados contra o casco do navio. Sallazar havia tirado sua adaga do cinto e pegado outra de um pirata próximo enquanto os dois prospectos eram colocados frente a frente.

- Ter o controle do seu destino não é algo que você pode ganhar. – Salla parou entre os dois enquanto oferecia uma adaga para cada um – Você tem que conquistar. Tem que lutar por isso.

Os dois pegaram as lâminas e trocaram olhares sanguinários enquanto o capitão pirata dava alguns passos para trás. Dando espaço para os homens e sua luta.

- Mostrem que vocês merecem ser realmente livres!

Os piratas gritaram em seu desajeitado coral novamente e os homens se preparam para o combate quando um grito chamou a atenção de todos.

- Velas!

Sallazar ficou bastante confuso com aquilo, não havia outro navio próximo quando avistaram o saque. Quem mais estava navegando naquelas águas?

- Syrano! O que você está vendo?

O homem com a luneta observava o novo navio que se aproximava.

- Uma galera! No sentido sul-sudeste vindo direto para cá!

- Quais as cores?

- Nenhuma, capitão! Espere! Eles tem uma bandeira negra!

- Piratas? – O contramestre Orlys havia se juntado a Sallazar.

- Merda!

- Salla... O vento...

- Está a favor deles, eu sei! Nós não podemos escapar!

- Talvez eles sejam cavalheiros. – O contramestre e o capitão se olharam seriamente por alguns segundos antes de os dois começarem a gargalhar como dois loucos.

- E eu achando que hoje seria um dia chato.

- Armas em punhos seus idiotas! Todos no convés!

Os piratas que estavam transportando a carga pararam de o fazer e deram novamente atenção a seus machados e sabres, se posicionando ao lado do contramestre que estava na borda do navio saqueado.

Sallazar recolheu algumas espadas largadas no chão pelos mortos, eles não precisariam mais delas, e se aproximou dos prisioneiros, dos dois que iriam lutar, dos que permaneceram em silêncio, de todos.

- Especialmente hoje eu vou estender minha oferta para todos. Lutem ao meu lado e todos serão bem-vindos na minha tripulação.

Os olhares confusos ainda estavam ali, as incertezas, as dúvidas, nem sempre é fácil convencer um homem a se unir a você depois que você mata seus companheiros.

Os dois que se voluntariaram foram os primeiros a pegar as espadas e foram imitados pelos outros. Mais seis homens para a tripulação do Capitão Sallazar Saan e um belo saque. Aquele estava sendo um dia mais lucrativo do que o Salla esperava.

O lyseno parou ao lado do contramestre nas bordas do navio com seu sabre em punho. Sua tripulação encarava a tripulação da galera que se aproximava deles. O capitão estava em pé sobre a borda do próprio navio. Um homem da aparência dura e cabelos negros. As duas embarcações emparelharam.

- Quem diabos é você? – O capitão recém-chegado gritou do seu navio para Salla.

- Você primeiro.

- Adaro Barraro do Garra de Lobo.

- Sallazar Saan do Harpia.

- Eu estou seguindo esse navio a dois dias, este saque é meu.

- Você demorou, esse saque é meu.

- Veja garoto – Salla odiava ser chamado de garoto, ele havia acabado de decidir que ia matar Adaro – Na minha experiência tem três maneiras de resolver isto.

- Na minha só tem uma. – A tripulação do Harpia estava pronta para outra batalha e seu capitão também.

- Bom, bom. Então, eu, você, nossas espadas, o vencedor leva tudo.

- Estou de acordo.

O navio de Adaro se aproximou do navio saqueado e dispôs suas pranchas a bombordo enquanto Salla se aproximava de Lyso Orlys.

- Leve todo o pessoal para o Harpia e espere lá. Cortem as cordas, levantem a âncora e fiquem prontos para partir. Eu não vou demorar.

- E o saque?

- Já pegamos a maior parte e a tripulação dele é maior que a nossa. Prepare o navio para partir, sentido norte-noroeste. Eles vão ter muito trabalho para nós alcançar.

O contramestre concordou e a tripulação foi toda para o navio de Sallazar enquanto ele e Adaro ficavam sozinhos no navio saqueado. Sabres em suas mãos. Diferente de cavaleiros, piratas e corsários não usam armaduras. O risco é muito grande, se você cair no mar vestindo roupas de ferro você morre. Simples assim. Isso também tornava as lutas nos navios muito mais interessantes, aço contra carne. Sua lâmina é tudo que você possui para defender sua vida.

Os capitães pularam um contra o outro, com cautela porém agilidade, se mexendo o tempo todo. Evitando o contato com a lâmina inimiga, os cortes eram na horizontal, na vertical, na diagonal, os sons metálicos das armas se chocando ecoando pelo navio fantasma.

Adaro sabia usar sua espada, já deveria ter tirado muitas vidas com ele, ele realizou cortes altos em sequência, girou sobre o próprio corpo virando sua lâmina para a barriga de Salla e terminou com um ataque vertical teria tirado a vida do lyseno se este não saltasse para trás. De fato, o salto foi quase tardio, a lâmina cortou a pele do rosto de Salla deixando uma mancha vermelha escorrer para seu sorriso.

Salla cuspiu. Ele nunca entendeu o sentindo da frase “sede” de sangue. Sangue tem um gosto horrível, como alguém pode querer beber isto?
Motivado pela raiva que escorreu junto com o sangue, Sallazar foi para ofensiva. Cortou uma, duas, três vezes na horizontal, girou sobre o ombro e cortou na diagonal, empurrou Adaro para trás com um chute.

A dança dos piratas é uma dança arriscada que além de pés e mãos precisa de olhos ágeis para acompanhar a lâmina inimiga.

- Você sabe usar essa coisa garoto! – Um sorriso sádico enfeitava o rosto de Adaro. Ele estava se divertindo com aquilo? Sallazar não poderia julgar, ele também estava.

Adaro veio banhado em fúrias na direção de Sallaz, as chamas encheram suas veias e seus ataques foram violentos. Salla precisou de muito cuidado e quase foi cortado pela lâmina várias vezes.

- Não seja tímido! Me mostre o que você sabe! – Adaro era muito bom com a espada e enfrenta-lo havia sido um erro. Saan já havia constatado isso.

Ele recuou pelo convés até onde havia marcas da luta anterior. Um bloqueio rápido para parar o ataque de Adaro. Outro bloqueio! A lâmina passou perto rasgando a roupa do capitão.

Um último ataque de fúria de Adaro, Sallaz jogou sua lâmina para o lado e em seguida pegou um pedaço de um mastro auxiliar quebrado e acertou a cabeça do oponente com ele.
Adaro cambaleou e o capitão do harpia aproveitou para se aproximar e realizar um corte profundo nas costelas do rival.

Em um reflexo, o capitão do Garra de Lobo virou sua lâmina, ele acertou Salla mas foi um corte superficial graças a um salto para trás. Adaro estava em pé de novo e veio para cima de Sallazar. O corte foi alto e mal pensando. Sallazar bloqueou o golpe jogando a lâmina do inimigo para o lado e em seguida deu um soco no ferimento que havia feito. Urrando de dor Adaro perdeu o equilíbrio e quase cai no chão.

- Se praticar bastante um dia talvez você possa enfrentar a minha vó! – Aquilo era uma zombaria infantil, Salla sabia que Adaro era muito bom mas provocar o inimigo é sempre bom. Ou pelo menos divertido.

Adaro colocou sua força em um último ataque mas Sallazar desviou girando para a esquerda e permitiu que sua lâmina acompanhasse suavemente o movimento do seu corpo cortando o oponente enquanto desviava. Adaro estava no chão, ele já estava rastejando para o mundo dos mortos mas Saan decidiu joga-lo de vez. O sabre lyseno foi enterrado nas costas de Adaro Barraro na altura do coração. Mais um morto para a conta do Salla.

A tripulação do Garra de Lobo parecia furiosa. Eles haviam atravessado as pranchas com suas espadas em punho e estavam prontos para arrancar a pele de Salla. Mas o Harpia já havia içado as velas e estava navegando, era hora de ir embora.

Sallazar sorriu para a tripulação inimiga como um bobo da corte e correu para a borda, o Harpia já estava partindo mas ele conseguiu pular e se agarrar a borda do navio. Nunca o tempo em sua vida demorou tanto a passar quanto nos segundos em que ficou com as pernas suspensas no ar, segurando a borda do navio com uma mão e o sabre com outra. Seu braço parecia que ia arrebentar e demorou alguns segundos para o capitão jogar o sabre para dentro do navio e puxar o corpo para cima com ambos os braços. Aquela luta havia o cansado.

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Mensagem por Sallazar Saan Seg Jul 24, 2017 10:53 pm

Homens de Água Salgada III


Flashback – Durante essa passagem Sallazar é um jovem capitão de 17 anos

O Garra de Lobo estava furioso. É difícil pensar que um barco pode sentir raiva, mas os olhos da cabeça de lobo na proa estavam cheios de ódio. Aqueles olhos furiosos estavam prontos para saltar sobre o Harpia como um lobo sobre um veado. O Garra de Lobo estava furioso.

Com pouco mais da metade da tripulação do seu rival, o Harpia navegava em direção ao mar aberto, tentando deixar o navio inimigo e a tempestade furiosa para trás.

- Syrano! Velocidade!

Syrano tinha pele oliva, olhos negros e cabelos cacheados tão escuros quanto, ele seria facilmente confundido com um dornês, talvez ele ate fosse. Entre piratas não se exige honestidade ao dizer de onde se veio. Talvez de Volantis, talvez de Dorne, talvez de algum poço fundo e escuro de qualquer lugar do mundo, o homem subiu na proa e jogou o flutuador na água.

- Cinco nós capitão!

- Mas que merda eu achei que tivesse mandando soltar as duas velas.

- Elas já estão soltas capitão mas temos carga extra agora. – Lyso Orlys havia aparecido no convés denovo. As vezes Salla achava que seu contramestre era um fantasma. Ninguém conseguia aparecer e desaparecer como Orlys. Fantasma ou não, no fundo Salla não precisava ser avisado sobre o peso extra, ele já sabia só tentava ignorar este fato.

Salla passou uma de suas mãos sobre o cabelo ruivo, ele estava pensando. O Garra de Lobo era maior mas tinha um mastro e estava parecia deslizar sobre a água. Mesmo a distância que estavam Saan conseguia reconhecer um casco limpo. Um casco limpo é sempre bom, pode conceder um ou dois nós de velocidade, por um momento Saan amaldiçoou o antigo capitão do Harpia por ser tão descuidado com o casco.

- Eu te mataria de novo se pudesse. – Não era uma frase vazia, se tivesse a oportunidade Sallazar mataria o Capitão Waters de novo. Havia sido uma ótima sensação esfaquear aquele westerosi ignorante até a morte.

O capitão observou o mastro principal. A estrutura não era tão firme quanto ele gostaria mas talvez ele aguentasse mais uma vela. Ele estava dividido, o marinheiro nele jamais içaria outra vela naquele pedaço de madeira podre mas o capitão nele arriscaria partir aquele navio ao meio para mantêr sua capitania. Ele não havia matado Waters e sido escolhido pelos homens para liderar apenas para perder seu posto por seu navio ser muito lento.

- Syrano! Gyllio!

- O Gyllio morreu no saque, capitão! – O capitão não conseguiu identificar de onde veio a voz mas com certeza era a voz do Cooper. Um homem divertido o Cooper. Uma vez arrancou o intestino de um caça-piratas no convés só para divertir a tripulação.

- Nesse caso você serve Cooper! Vão até o depósito e peguem aquela vela antiga. Eu a quero no mastro principal!


Os dois escolhidos obedeceram, não havia lugar para questionamentos quando em uma perseguição. A não ser por parte do contramestre é claro, em especial o Senhor Orlys parecia ter o dom do questionamento.

- Aquele mastro não aguenta mais uma vela, capitão. – Apesar de questionar as ordens do capitão constantemente, Lyso nunca o fazia em voz alta. Ele sabia que questionar a liderança de Sallazar no mar só serviria para abalar a moral dos homens e colocar dúvidas em suas cabeças quando deviam focar em fazer seu trabalho.

- Claro que aguenta.

- Salla, aquela porcaria deveria ter sido trocada a...-
Syrano e Cooper estavam de volta ao convés trazendo uma vela de linho enrolada e empoeirada.

- Ótimo, coloquem no mastro principal abaixo da outra. É para ontem.

Os marujos subiram no mastro através de cordas e colocaram a vela como o ordenado. E a madeira já parecia estremecer. Orlys estava certo, Salla concordava com ele em sua mente. Mas ele não iria ser derrotado.

- Syrano! Velocidade!

O flutuador caiu na água de novo. A corda esticou e Syrano mediu, Salla podia ter mandado outro fazer mas ele havia se habituado a chamar por Syrano para isso, talvez ele não passasse por isso se tivesse um nome mais difícil.

- Sete nós capitão!

- Isso!

Apesar de a velocidade aumentar, o Garra de Lobo seguia se aproximando. Salla ainda estava perdendo espaço, ele precisava pensar. Como ele ia escapar se não podia ser mais rápido? A lógica não estava a seu lado e seu mastro principal estava tão firme quanto uma casa em um pântano.

Seus olhos violetas ainda contemplavam a fúria do mar em forma de tempestade ao sul. Se a tempestade estivesse atrás dele ele poderia fazer o Garra de Lobo desaparecer na água. Se Lyso Orlys realmente fosse um feiticeiro, seria uma boa hora para revelar isto.

- Ballyrio!

- Capitão?

- Trace o curso para sul-sudeste!

- Senhor?? – O navegador fingiu não ter entendido o capitão, o curso traçado os levaria na direção da tempestade.

- Arremeter a estibordo! Agora!


- Senhor! Isto é...

- Agora, Ballyrio!

- Capitão eu não posso fazer isto. Você vai nos matar. –
O navegador havia esquecido a regra de não questionar mas o capitão estava pronto para o lembrar quando toda tripulação olhava para os dois.

Salla caminhou na direção de Ballyrio e o empurrou para longe do timão. Ele mesmo cuidaria daquilo. O capitão virou o navio como desejava enquanto o navegador o questionava.

- Você está louco Sallazar, você... –
Ballyrio não terminou a fala. O contramestre Orlys deu um soco no estômago do navegador que caiu no chão sem equilíbrio apenas para levar um chute na cabeça que o desacordou.

- Mais alguém tem algo a dizer? – A tripulação olhou assustada para o contramestre até tomar a sábia decisão de voltar a suas tarefas.

No timão, Sallazar olhava como um louco para a tempestade. Seus olhos violetas refletiam os trovões e as violentas ondas do mar. O Mar estava furioso e ele também.


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